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22.1.03

ENCONTROS INESQUECÍVEIS II

Depois do encontro com o Millôr Fernandes (vide mais adiante), e dando continuidade a esta pomposa seção, recém-inaugurada, vai agora um encontro com o Décio Pignatari. Confira.


d5ci0 ANOS

"Três pedras", pediu o poeta concreto. Para jogar no whisky. "Servido em copo baixo, certo?". Não esquecer um bastãozinho ou um palito de sorvete, qualquer coisa para Décio ficar se divertindo. Rebolando o gelo para cá e pára, enquanto conversa comigo no restaurante do hotel não-me-lembro-qual-o-nome, em Curitiba. "Você sabia que Noigandres significa vencer o tédio?". Eu mesmo não sabia. Noigandres é o nome do grupo e da revista fundada pelo Décio Pignatari e pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos – e que acabou sendo a base teórica e prática da Poesia Concreta. "É uma palavra-montagem, sempre intrigante, pinçada do provençal". A língua que Dante pensou ser a matriz de todas as outras. Pois o Noigandres acaba de fazer, em novembro do ano passado, 50 anos. "O tempo é uma coisa espantosa. O tempo não passa por nós, passa sobre nós", diz o Décio. Ele mesmo, nascido em 1927, na cidade de Jundiaí, São Paulo. Atualmente, reside e trabalha em Curitiba. "Peguei a minha nova companheira e as suas duas crianças que não respiravam direito e fugi de São Paulo. Não agüentava mais a poluição, a violência, a correria. Eu precisava de um lugar para pensar. Onde eu pudesse respirar como respira um intelectual europeu”. Décio é poeta, romancista, ensaísta, tradutor, professor de Comunicação e dono de uma “curiosidade sem limites”. Já teve, inclusive, sua própria agência de publicidade. "Fui eu quem criou o nome Lubrax". E a Poesia Concreta, como foi criada? Conta que tudo começou no ano de 1952, em Osasco, São Paulo. Não era poesia concreta ainda. A poesia concreta como tal só veio surgir em 1956. Há uma foto do trio, ele e os irmãos Campos, àquela época (veja acima). "Todos, aqui, com a roupa amarfanhada. Não parece que eu e os Campos estamos em um paredão? Pois era isso mesmo: por causa do movimento concretista, os outros artistas nos colocaram em um paredão". A foto está no livro “Errâncias” (Editora Senac, 1999), uma coletânea de 30 imagens nas quais Décio Pignatari apresenta lugares e personalidades que fizeram parte, direta e indiretamente, da sua vida. Um livro de memórias cheio de poesia, em que o poeta explica, esmiuça, climatiza cada fotografia clicada por ele e pelos amigos. "É uma autobiografia contada por terceiros". Lá encontramos Borges, Valêncio Xavier, Pound. Vemos o túmulo de Mallarmé. Um dos flagrantes mais surpreendentes é o da pintora Tarsila do Amaral, à beira de morrer. "Eu e o Haroldo fomos lhe fazer uma visita. 'Eu não estou doente', a Tarsila dizia. 'Estou acamada'." Para que perder a aristocracia, não é? Os cabelos ralos, os pés a necrosarem-se, a carne octogenária inchando-se pelos panos. Recompunha-se ali uma vida chamada Tarsila, há decadentes décadas acostumada a fingir que mantinha uma dignidade herdada de sua milionaridade desaparecida, é o que o Décio diz no livro, disfarçadamente emocionado. Inclusive quando fala sobre Oswald de Andrade. "No final da vida, ele era um artista isolado, não tinha interlocutor. Às vezes dava pena. Ele elogiava pessoas jovens que não tinham talento só para poder ter alguém com quem trocar umas palavras". Você tem algum projeto em vista, Décio? "Estou concluindo meu segundo romance, meu grande romance. Se terminar de escrevê-lo, dou toda a minha obra por concluída". O livro se chama, provisoriamente, “Obras em Obras: o Brasil”. Este trabalho, por acaso, é inspirado na visão que o senhor tem a respeito da arquitetura brasileira? "Arquitetura brasileira? É piada. O que acontece é que não há uma crítica da arquitetura brasileira, entende? Como podemos avançar sem uma crítica da arquitetura brasileira?". E critica: "Você nunca se deu conta de que o congresso brasileiro, que é legislativo, tem um ícone do judiciário, que é a balança invertida? Niemeyer só gosta dessas formas. Pegou a balança do judiciário e achou aquilo bonito. Ele fez isso e o pessoal engoliu. O ícone que devia ser do judiciário virou legislativo, vai ver que é por isso que eles não se entendem". Décio alonga-se no assunto. Nos vários assuntos que domina. "Você já ouviu falar do Peirce? E do Erthos? E do Fejer? E do Jakobson?". Ao lado deste último e do Umberto Eco, Décio fundou em 1969 a Associação Internacional de Semiótica. Sua primeira viagem pela Europa foi numa aventura, “a 100 dólares por mês”. Viajou a bordo de um navio argentino carregado, entupido de gente. Conheceu os principais intelectuais de seu tempo. "Vivi em Paris dos anos 50. Naquela época, Paris era pobre, mas as idéias lá estavam vibrantes. Depois fui à Alemanha. Eu sempre estive interessado em desenho industrial. E era ligado ao grupo de artistas concretos de São Paulo, cujo guru era o Waldemar Cordeiro. Então foram dois anos em correspondência com os Campos que a idéia concreta surgiu. Nós éramos aceitos mais lá fora do que no Brasil. Aqui, nos chamavam de alienados". Alienados? "É. Porque seguíamos o Maiakóvski, que dizia: 'Sem forma revolucionária não há arte revolucionária'. Esse era o nosso slogan. A gente já anunciava desde lá: 'Um dia a grande obra dos formalistas russos virá à tona'. E foi o que aconteceu. Quem traduziu diretamente do russo todos eles? Foram os Irmãos Campos. A cultura brasileira deve, e muito, ao movimento que criamos". A sua poesia concreta, o senhor já está fazendo no computador? "Não. Continuo usando a máquina de escrever. Para os meus poemas, faço um layout e uns amigos meus, que são designers, resolvem o resto". Foi o garçom que fez a última pergunta para o Décio: – Vai mais uma pedra de gelo, senhor?.


Trecho desta matéria foi publicado na revista pernambucana
Continente Multicultural, edição de novembro de 2002.



Ilustração: Daniel Moreno




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