8.1.03
OUTRO COMEÇO
Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de Verão, está quente. Tarde de Agosto. Olho-a em volta, na sufocação do calor, na posse final do meu destino. É uma comoção abrupta – sê calmo. Na aprendizagem serena do silêncio. Nada mais terás que aprender? Nada mais. Tu, e a vida que em ti foi acontecendo. E a que foi acontecendo aos outros – é a História que se diz? abro a porta do quintal. É um portão desconjuntado, as dobradiças a despegarem-se. [...] Um silêncio súbito, silêncio da terra. [...] Olho-o um instante, olho a casa, circunvago o olhar. Preparar o futuro – o futuro... Parte-se carregado de coisas, elas vão-se perdendo pelo caminho. Se ao menos uma breve ideia. Não tenho. Não é bem a vida que faz falta – só aquilo que a faz viver.
Trata-se de um trecho do parágrafo inicial de mais um romance do escritor português Vergílio Ferreira, o mesmo autor de um dos meus livros preferidos além-mar, o "Alegria Breve". Eta véinho bom que só a gota! O trecho acima é do romance chamado "Para sempre" (Difel, 1983)
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