6.1.03
PROCURE ESTE ENDEREÇO
Recebi, logo na entrada do novo ano, o livro Novo Endereço, do poeta Fabio Weintraub (Nankin Editorial & Funalfa, 2002). Gostei deveras do livro. Belo belo, minha bela. Poesia precisa disso. Ser coloquial. Carregar cheiro de sangue, não sei. Ir direto na veia. Da voz. O pessoal anda fazendo poesia muito cheia de frescurite. Poesia para o século XIX, não sei. E a vida correndo no córrego. Bem no nariz do poeta. Fedendo, não é? E ele nem aí. Nem aqui. Nem no Haiti. Enfim, dá uma olhada só em um dos poemas. Tantos temas, tantas frases ficaram me remoendo. Fiquei afim de escrever um conto. Só não sei quando.
Barrabás
Vocês não podem velar
o corpo do meu marido
ao lado do desse aí
que a polícia acertou
Vocês me desculpem
imagino o sofrimento
perder um filho assim moço
Meu Cícero
morreu trabalhando
Um tiro pelas costas
às duas da manhã
Ao lado do desse aí
o corpo dele não vai gelar
Não adianta insistir
ao lado de bandido
meu marido não fica
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