7.3.03
KAFKA ERA RUSSO
Você sofre um acidente. Quando reabre os olhos, se vê rodeado de uma gente falando russo ou sei lá que língua. Você quer saber que língua é aquilo e que roupas são aquelas, mulher. Gente vestida à la Nicolau, o escambau. À la Anastassia et cetera. E você vê que o pessoal corre em direção a corredores majestosos. E há banquetes no meio do caminho e pedras preciosas e orquestras e bailes. E você avista Mikhail e não sabe se aquilo é sonho, se é morte, se é pesadelo frio. Tudo mostrado a você em uma única tomada. Explico: trata-se do filme Arca Russa. São 90 minutos assim. A câmera passeia sem cortes. O filme começa no escuro, com o cara acordando. E se deparando com aquela língua e com aquela música. E com um estranho cicerone, enfim. O filme chega a ser enfadonho, mas a idéia é primorosa. Vai sendo contada, pincelada pelos quadros pendurados no museu. Sim, estamos em um museu. Ohhhh!!! E tudo que é personagem russo está por lá, creio. O filme deve ser melhor compreendido por quem é Czar, sei lá, não sei. É como se a gente, por exemplo, acordasse no Museu do Ipiranga. Ohhhh! de novo. Que merda!!! E a partir disso a gente fosse traçando a história do Brasil pelas carruagens e cavalos e ladrões que encontrássemos à vista. Navegue nessa arca e depois me diga.
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