24.3.03
A RAZÃO SELVAGEM
Finalmente saiu, pela Ciência do Acidente, o belo e bem-vindo livro de contos "A Razão Selvagem", do mineiro Francisco de Morais Mendes. Bem bom. Reúne sete contos, muito bem escritos. Cheios de ironia, humor, poesia, essas coisas. Francisco publicou antes apenas o "Escreva, Querida", em 1996. Acompanhe, abaixo, trecho do volume. E reserve, desde já, o seu exemplar.
"Ali, na parte menos áspera do cimento, onde a memória resvala sem a crença de poder reconstruir todos os sentidos que se perderam; ou naquele outro canto, onde eram estendidos os tapetes que, entre risos e corridas atropeladas, tomávamos emprestados à vizinhança, com o desafio de devolvê-los às respeitosas portas de onde foram tirados. Ali, fazíamos amor com a voracidade de quem descobriu um brinquedo novo, entre o riso e a culpa, e Júnia, no ápice do gozo, quase gritando, isto é encarnação. Encarnação: a carne dentro da carne. Nas palavras que encontrávamos para conjugar com o destino dos nossos corpos, a sonoridade valia sempre mais que o sentido."
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