7.12.04
JUNIO
A primeira vez que ouvi o Junio Barreto eu estava com a Fabiana Cozza na casa do Ronaldo Bressane naquele tipo de festa pernambucana nunca vi cabra mais recifense do que o Bressane et cetera. O Junio que é cantor e compositor cantarolou timidamente uns versos made in Caruaru. Ele há pouco tempo em Sampa. Tinha samba o seu xingado e uma origem sei lá onde o futuro mora. Coisa à frente um canto que não se demora. Embora seja uma música lenta o que ele faz a caminho do jazz. Maracatu antiatômico. O que quero dizer e aqui vou explicar é que ontem finalmente vi o Junio se apresentar. Lá no bar Grazie a Dio à rua Girassol às vinte e duas horas. Temporada todas as segundas. Meu senhor minha senhora. É genial. A saber: "Ontem acordei de susto / do ronco da minha barriga com fome". Não parece um microconto? E continua: "Bem quando sonhava / que estava jantando / com alguns amigos bons". Dói de melancolia qualquer alegria. Embora seja tudo uma festa. Como quando Junio canta o clássico do Capiba, "Você tem quase tudo dela / o mesmo perfume / a mesma cor / a mesma rosa amarela / só não tem o meu amor / mas nestes dias de Carnaval / pra mim você vai ser ela". Só vendo e ouvindo. O Junio franzino (sem o "r" mesmo) virar um monstro severino. Com uma banda de primeiríssimo terceiro mundo. É um privilégio acompanhar tão de perto. Um gênio assim sei lá melancólico e cibernético. P.S.: Fabiana já falou que quer muito gravar as músicas do Junio. Eta porra! P.S. 2: Tem show do cabra amanhã no projeto Prata da Casa do SESC Pompéia.
P.S. 3: E há também um CD à venda adquira o seu meu demorou.
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