22.11.05
TRECHO DE UMA CRÔNICA ...
Nunca tive um bicho de estimação. Pelo menos, assim, bicho tradicional, normal etc. e tal. Se todo mundo teve cachorro e teve gato. Eu não. Nenhum rato, nenhum peixe no aquário. Nenhuma tartaruga. Meus bichos eram bichos mortos. Que saudade! Explico: bichos só ossos. Explico: nasci no alto sertão de Pernambuco. Minha diversão era pedra e perna de passarinho. Verdade. Ligamentos miudinhos. Que eu encontrava enterradinhos. Que eu via morrer. Que eu matava para comer. Eu brincava com ossos, a saber: asa de galinha, bico de guiné, unha de preá.
[ ... de minha autoria, incluída no livro Blônicas, do site homônimo, que será lançado daqui a pouquinho, a partir das 19, no Maddá, à Rua Mourato Coelho, 1280 ]
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