20.6.06
CAMPOS II
Água Viva entre o que restou da cidade. Autografado, depois da tempestade. Numa letra tremida, de linha torta e carcomida. Está escrito assim: "A Campos de Carvalho - que teve a delicadeza de apanhar no chão um parafuso, Clarice Lispector". O livro está bem conservado. Trovejo. É uma primeira edição, 1973, Artenova. Este livro eu ganhei de aniversário. Dado pelo escritor Nelson de Oliveira. A saber: autor, entre outros, do romance O Oitavo Dia da Semana. Nelson é doido. Onde já se viu? A semana acaba em sete. Pelo menos aqui no Brasil. Puta que pariu! Doidos. Digo: Clarice e Campos. "A seize ans je tuai mon professeur de logique. Invoquant lá legitime défense - et quelle défense pouvait être plus légitime? - je réussis à être acquitté par cinq voix contre deux, et j'allai habiter sous um pont de la Seine bien que jamais je n'eusse été à Paris". Não estou falando? Minha língua anda delirando. Este ensaio não sai do canto. Imóvel como uma chuva. Parece poesia. Qual era mesmo o assunto? Água Viva.
[ Trecho de um dos meus "Ensaios de Improviso", que não sei quando termino. Ou se publico um dia. ]
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