30.8.06
ESCONDIDA NO TERRAÇO [uma resenha]
Pow! Pow! Foi seco. Preto e branco. Simples? Duplo. Duro. Não entendia aquela impulsividade. Compulsiva. Misturava medo, vergonha e prazer. Olhava de longe e não acreditava. Danado. Eu tentava negociar. Saravá! [...] Virei refém. [...] Aquela capa apontada para minha cara. Não tinha forças para reagir. Onde me esconder? [...] "Hein seu branco safado? Ninguém aqui é escravo de ninguém", berrou. Ele veio de Sertânia, interior de Pernambuco e chegou em São Paulo. [...] Sua origem afiou o olhar. A cidade-grande a língua. O tempo as idéias. Negreiros bem ali na minha frente. Forte. Intenso. [...] A vida e a morte severina. Urbana. Intestina. [...] Minha agonia de chegar ao fim sambava entre meus dedos. Num descuido, corri. Fui para o terraço. Escondida nas alturas. Recostei-me nas barras de ferro. Enferrujadas. Olhei para cada lado. Abaixei os olhos. Trêmula. As páginas saltavam. Ligeiras. Lidas. Refletidas. Impressionadas. Finalmente estava a sós com Contos Negreiros. [...] Olhei do sexto andar para baixo. Salivei o cotidiano. Onde estão seus outros livros, Marcelino Freire? Agora que estou aqui, mais perto das nuvens e do inferno. Com tempo para ver a lua saltar.
[ Trechos de texto enviado, direto de Brasília, por Solange Pereira Pinto e maravilha! ]
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