3.8.06
JOÃO ALEXANDRE BARBOSA
Qualquer palavra que eu diga. Qualquer linha, não sei. Não falará deste silêncio. Agora, em frente à tela. Branco. Palidamente. Algo que diga do meu sentimento. Da gratidão que carregarei para sempre quando lembrar de João Alexandre Barbosa, morto hoje aos 69 anos. Foi ele quem primeiro falou do meu trabalho. Indicou-me à Ateliê. Ouço, como se fosse agora, o entusiasmo e generosidade com que ele leu, para mim, ao telefone, o prefácio que escreveu para o Angu de Sangue. Incentivador (via revista Cult, via projetos que criou na USP) de uma série de novos autores. Alguns deles, ave, já consagrados, clássicos e veteranos. A saber: João escreveu, por exemplo, sobre o novato João Antonio, sobre o pouco conhecido Rubem Fonseca, sobre a jovem poeta Micheliny Verunschk. João falou, como ninguém, de outro João também. O Cabral, etc. e tal. Sem contar que foi ele quem encorajou a antologia Geração 90 - Manuscritos de Computador, assinando a orelha do polêmico livro organizado, em 2001, por Nelson de Oliveira e maravilha! Sempre me dizia: "a boa crítica é aquela que se arrisca". Aprendi muito com as conversas que tivemos. Bem-humoradas. Regadas a café, cachimbo, prosa e poesia. Saudades, mestre e amigo. Obrigado por tudo, João Alexandre Barbosa. E aquelabraço e vamos que vamos e até um dia.
|