11.9.06
PROPAGANDA
"Dia onze de setembro". Foi um leitor quem me avisou, faz algum tempo. "Vá lá no seu livro Angu de Sangue e veja. Está lá o dia fatídico". Premonição, feitiço. As torres gêmeas. Pegando fogo. Alvoroço e morte. "E seu livro foi lançado em 2000. Como pode?". Um ano antes. Onde? "Vá lá no seu conto The End, o fim do mundo, minha gente". Fui ao conto. "Os caixões norte-americanos são melhores. [...] Nuvens envolvendo o defunto. [...] Aqueles prédios enormes de Nova Iorque. [...] Deus é King Kong, é Hollywood", diz o conto. Luto norte-americano. Tudo bem. Nada demais. "Mas você não notou?". Hã, hein? Insistiu o leitor. O quê? Ainda não entendi, meu rapaz. Eu: meio lerdo. Assim: meio lento. "A página em que está o conto, não sacou?". Abri o livro de novo, no The End, ali. "Isso mesmo, na página 119". Página 119. "É". Ave! "Viu, não viu?". Acho que vi. "Dia onze de setembro".
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