23.10.06
MEMÓRIA ALCOÓLICA
[01] Lembro do inesquecível e concorrido lançamento do Joca na abertura da Balada Literária.
[02] Daquela noite para a sexta só dormi umas três horas. Haja cervejada!
[03] Lembro da chegada do Glauco Mattoso à sua homenagem. Alisando primeiro a sua bela fotografia feita exclusivamente para o evento por Eder Chiodetto. Depois, as sobrancelhas do Monteiro: "Lobato agora só no tato".
[04] Explico: na Livraria da Vila há um boneco comprido, de papel marché, do autor do Sítio.
[05] Na mesa seguinte, a confirmação. Botika é o próximo a arrebentar a boca do balão da prosa carioca-nacional e bora embora. E a avó do Botika, essa, ora, virou a grande revelação.
[06] Ela, que abandonou a platéia para não ouvir o texto do neto. Ele que nem sabia: "vovó, a senhora aqui?". Também, tanta safadeza assim, vade retro.
[07] "Só faltam crescer os dentes para eu virar vampiro", revelou Sérgio Sant'Anna, de óculos escuros à palestra. "Estava ao telefone, conversando com o Jorge Mautner. Quando vi, meus olhos ficaram assim". Manchados de sangue coagulado. "Por isso é bom não se aproximar / Muito perto dos meus olhos / Senão eu te dou uma mordida". Ave!
[08] E o piloto do programa SÁideira foi bastante aclamado. Oh! E elogiado. Agora é só consertar o som, uma coisa aqui e ali e exibi-lo na TV no próximo ano. Já estou cuidando dos contatos. Aguardem!
[09] E no Ó do Borogodó os escritores sambaram no samba. Elogiando a ginga-gogó da Fabiana. Batuques e baques. Destaque para a performance, no salão, do poeta argentino Cristian De Nápoli.
[10] E da roda ainda participaram Antonio Prata, Chico Mattoso, João Paulo Cuenca.
[11] Daquela noite para o sábado só dormi umas três horas.
[12] Para acordar, animado, sugiro ler/ouvir qualquer conto do sergipano Antonio Carlos Vianna. Eu o encontrei, por acaso, aqui em Sampa e o convidei para participar da mesa. Uma beleza! Sem contar o astral-carnaval do Luiz Roberto Guedes. E a afirmação bombástica do Flávio Moreira da Costa: "hoje eu vivo muito bem". De literatura, amém! Ele que inspirou a todos e - pasmem - ao Julio Cortázar também.
[13] A tarde foi quente. E polêmica. Douglas Diegues deu, por um tempo, o tom da mesa de poesia: lamento, reclamação e crítica: "os jornais não nos dão a mínima rima". Ana Rüsche discordou. Assim como Nicolas Behr, o poeta de Braxília: "o discurso do poeta é o poema". Debate-papo e poesia que sempre valem a pena.
[14] E foi, de fato, especialíssima a participação de Juana Bignozzi. Essa, uma das mais importantes poetas da Argentina. "Como o Ferreira Gullar pelas bandas de cá", Joca salientou. A mulher é fuego. Pela poesia que leu. E pelos temas que cutucou.
[15] E a noite daquele dia terminou no Espaço dos Parlapatões. Festa que reuniu multidões de amigos. Especial brilho para as presenças dos geniais Laerte e Angeli. E do elenco de Inocência (novo trabalho da Companhia dos Satyros). Direto de um espetáculo para outro. Aplausos!
[16] Daquela noite para o domingo só dormi umas três horas.
[17] Glauco voltou no encerramento. Sentou-me à mesa, ao lado de Claudiney Ferreira. Esse, de alguma forma, igualmente homenageado. Pelo tanto que ele tem feito por nós, escritores. Wisnik arrasou ao lado do cantor e compositor Chico César. "Que cantor e compositor que nada, já era. Agora eu sou é poeta".
[18] Posso dizer, sem modéstia, que a Balada Literária foi um sucesso. Público sempre bom e animado. Graças à força da Elenora Vaqui, da Maria Alzira Brum Lemos, da Livraria da Vila, da Mercearia São Pedro, das editoras que nos apoiaram, do bar São Cristóvão, do Ó do Borogodó, do Consulado Mineiro, dos autores e amigos que generosamente nos socorreram, enfim, assado. Principalmente os que vieram de fora (pena foi que não conseguiram ler os seus textos lá na noite da Roosevelt). Caralho!
[19] E no ano que vem tem mais, quero avisar. E nos outros anos, graças, salve, salve e saravá! E já divulguem e fiquem sabendo: o próximo homenageado é o Roberto Piva.
[20] Depois dessa, só dormindo quatro noites seguidas. E sonhando como fiz nesses dias. Boa noite a todos, fui lá e até quarta que vem e maravilha!
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