30.11.06
MACHADO DE ASSIS
Falo aqui do cineasta Cláudio Assis. Machado, enxada, foice, pente que segue navalhando tudo à sua frente. Sem delongas. Do jeitinho que eu gosto. Vexame artístico. Sonoro e inquietante. Todo mundo já sabe: seu novo filme, o Baixio das Bestas, levou/quebrou tudo no Festival de Brasília e maravilha! Não vi, mas sei que é merecido. Redigo: vejo em Assis um grito parecido. Bichos-bichas-ladainhas. Miseráveis de Recife/Olinda e redondezas. Epa! Não vejam nisso um abuso. Explico: uma caroninha que estou pegando. Estou apenas registrando: eu - é claro que menos brilhante e vociferante - me sinto um irmão-caçula do Assis, sim. Nesse sentido: cisco desequilíbrante. Personagens à deriva. Sem pompas-papas na língua. Vou, para sempre, inclusive, guardar as declarações do cabra, há pouco. "Como você fez esse filme, Assis?". Assim: "doeu e eu fiz". E hoje, na Folha: "sou de Caruaru. Sei fazer boneco de barro. Não sei pintar porcelana". É isso. Paurabéns, conterrâneo. Hoje, sorridente (embora desdentada) está toda alma pernambucana. Fui.
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