11.12.06
HISTÓRIAS DO PELÔ
Seu bar está pegando fogo, alguém gritou. E o cantor saiu correndo. Durante o ensaio. Não era para menos. Labaredas que pararam as ladeiras. E os carros. Moradores apavorados. E a gente idem. Explico: Fabiana não conseguiu ir à apresentação do Cantos Negreiros em Salvador. Explico de novo: crise nos aeroportos. Algo, assim, descontrolador. É preciso manter a calma. E se a gente chamasse o Aloísio Menezes? Grande intérprete o cabra! Voz única. Estou dizendo: desses talentos raros. De imediato, ele topou a parada. Veio apagar o nosso... Ave! Se não fosse pela fumaça no Pelourinho. Fogo, fogo! Bem na quarta, quando estávamos preparando o novo roteiro. Um dia depois da homenagem à Santa Bárbara. Da qual participei. Lá no Theatro XVIII. Que espaço fabuloso! Tudo que ali é feito. Para o povo. A madrinha do lugar, a saber: Bethânia e saravá! Tudo tocado pela iluminada Aninha Franco. Eta coração baiano! O que fazer? Eu e os músicos (eles conseguiram embarcar) tivemos que cancelar o espetáculo. Sem Fabiana, sem Aloísio e sem ânimo não dá. Na quinta, sim, conseguimos retomar. O ar perdido. Aloísio voltou. E o Cantos Negreiros, de casa lotada, arrancou lágrimas e aplausos. Para ficar na memória da nossa pele. Tanta coisa linda! Lançamento, novos amigos e leitores e a oficina! E Aloísio, com a gente, erguendo os contos/cantos das cinzas: "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima".
|