13.12.07
AGRADECIMENTO QUIXOTESCO
E confesso que nenhum prêmio me deixou mais feliz do que o Quixote de ontem, entregue no Sarau da Cooperifa e maravilha! Poucos prêmios recebi, a bem da verdade. Precisamente, dois até agora e ave! O primeiro deles, o Jabuti. Em 2006, pelo livro Contos Negreiros, enfim. Mas digo assim: de um prêmio afetivo. Aplaudido em sua raiz. Como explico? Ontem, o Batidão lotado. Acotovelado de cerveja e festa. Numa irmandade que a literatura brasileira precisa apreender. Difícil de dizer. Julgo que eu esteja sem palavras. Lembro que, quando ganhei o cágado pelo meu livro de contos, algo havia me incomodado. Uma frieza de estilo. Algo demais engessado. Tanto é que corri, à época, lá da Sala São Paulo direto para a Mercearia São Pedro. Dei a Mercearia de prêmio ao Jabuti. Sempre afirmei isso por aí. Para o Jabuti poder beber um pouco de batata frita. Pastel e vinho. Deslavar um pouco a sua cara, sei lá. Ganhar um ritmo mais ligeirinho. Urgência no caminho. Ave nossa! Ontem, o Quixote que recebi - e a saudação calorosa - já veio batizado. Batizado pelo Batidão, eta danado! A Cooperifa se reúne, há seis anos, para ouvir prosa e poesia todas as quartas, às 21 horas, dentro de um bar. Repito: rodeado de cerveja e da deliciosa mandioca com carne seca. E de gente de tudo que é tribo e beleza. A exemplo de Sérgio Vaz, um dos que fazem a verdadeira mudança geográfica. Da qual sempiternamente nos fala o poeta Glauco Mattoso. "É preciso interferir nas esquinas das coisas". Não só ficar na palavra. Distante. Burocrática. Insossa. Alimentando amargura. Bufando alta literatura. Xô! Quero gente de carne e osso, pô! Gente pulsante. De sangue. Viva! Perdão se demorei nesta minha ladainha. Laudatória, sem fim. Mas fica aqui registrada a minha emoção agradecida. Honrado que eu estou de ter sido um dos homenageados do prêmio Dom Quixote de La Perifa. Nosso Cavaleiro da Triste Figura. Que vem dar graça e um pouco mais de gás à nossa literatura. Fui.
|