14.2.08
ONTEM, NO RECIFE
Sonhei com Edu Lobo. Juro. Sim, o compositor e cantor. Mas o que tem a ver o Lobo comigo, pô? O que queria na minha casa um dos criadores de Beatriz? Quanta honra! "Você não pode deixar de assistir ao meu DVD", ele insistia. Ora, qual DVD? Ouvi falar alguma coisa, sim, mas por quê? Uma hora, no sonho, eu não sabia se ele estava na minha sala ou eu na sua. Coisa maluca! Livros ao nosso redor, violão e piano. Ele, Edu, bem sei, carioca ("por acidente", diz ele), filho do compositor pernambucano Fernando Lobo. Vai ver era isso. Um recado da minha terra. Saudades do frevo e do maracatu. Ontem, como não poderia deixar de ser, fui à caça do DVD. Trabalho recém-lançado pela Biscoito Fino, intitulado Vento Bravo. Assisti ontem mesmo, no ato. E a sala da casa de Edu (assim como a da casa de Chico Buarque) era muito parecida com a do meu sonho. E, no documentário, roteirizado e dirigido por Regina Zappa e Beatriz Thielmann, o autor de Upa Neguinho faz uma viagem de volta às origens (ele morou no Recife idem). Encontra por lá Lia de Itamaracá, perambula por Olinda e Candeias. E fala de suas músicas "políticas". Sua obsessão pela perfeição. Sua paixão pelo teatro. A diferenciação que foi a chegada dele à MPB. "No meio de tanta gente boa, como Vinicius, Tom, João Gilberto, eu tinha de inaugurar outro caminho". Trouxe para a bossa nova, digamos, os sons da sua memória. Pregões, pífanos, emboladas e arrastões. Meu Cristo! Que emoção ter conhecido melhor este artista que, aos 19 anos, fez sua primeira parceria com o Vinicius de Moraes e maravilha! Mas o que ele queria me dizer, afinal? Continuarei matutando. Enquanto programo, para julho, uma visita à minha terra natal, Sertânia, para feitura, acreditem, de um documentário. Seria isto? Ou seria por causa do lançamento do meu Rasif, de alguma forma uma volta que faço, modesta e enviesada, a antigos cenários? Sei lá. Não querendo, vale ressaltar, em nenhum momento aqui me comparar ao Lobo. Perto dele sou uma ovelhinha, enfim. Rarará. Mas parecíamos no sonho, sim, eternos parceiros. Ave nossa! No mais, fica a dica. Se der, assistam ao DVD. Bonito de doer e bem brasileiro. É isso. Por enquanto. Valeu, Edu. Amém, saravá, até amanhã e aquelabraço. Eu que sigo, deste outro lado, o meu sonho, feliz. "Para sempre é sempre por um triz". Fui. Em tempo: de volta à realidade, puta que pariu, fico eu sabendo da morte de Henri Salvador. Grande intérprete, divulgador da música do Brasil. "Adeus / vou pra não voltar / e onde quer que eu vá / sei que vou sozinho".
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