15.4.08
DIRETO DOS ESTADOS UNIDOS
E o amigo e escritor Roberto Romano, que está morando em Nova Iorque faz um ano — por causa de uma bolsa de criação literária que o cabra ganhou —, comentou, direto de lá, o pôste sobre o romance Giovanni, de James Baldwin, publicado aqui no dia 7 de abril (veja mais adiante) e eta danado! Vale a pena conferir seu comentário, logo abaixo. Valeu, Romano. E mais não digO. Aquelabraço a todos e até amanhã e beijos no umbigO e vamos que vamos. Fui.
Assisti a uma peça baseada em outro livro de Baldwin no final do ano passado aqui em Nova Iorque e fiquei estupefato. Como assim ele escreveu isso na década de 50? Saí da peça com a sensação de que tudo era velho, velho demais, e que Baldwin tinha ido além do que as gerações passadas tentaram emplacar mas não o fizeram. E foi ainda mais forte e gritante ver no palco as encenações desse amor bissexual sem espaço para crises de identidade. Não há, pelo que pude conferir na peça, uma simples referência ao tema com distanciamento intelectual, sociológico e nem mesmo psicológico. O que está em jogo ali são as angústias da auto-afirmação e sobrevivência, honestidade, enfim. Essa peça que vi foi baseada no livro "Another Country", cuja trama também está relacionada com Paris e bissexualismo. O título, para mim, faz todo sentido. Ainda mais se você pensar no sucesso atual de "No Country for an Old Men" (que ganhou alguns Oscars). Baldwin não fala apenas de Paris, Harlem, Alabama... Ele está falando sobre como um personagem/ser humano pode viver nesse limbo de não pertencer a lugar nenhum, como um outsider pré-beatnik. Enfim. Fico feliz com o lançamento dessa nova tradução de "Giovanni" no Brasil. Não li o livro mas, se nele é possível ver, como você bem disse, a honestidade e simplicidade com que Baldwin trata das relações dos personagens, então digo que é leitura urgente e vou correndo comprar o meu. E digo que se deveria investir na tradução de "Another Country", com a mesma urgência.
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