16.7.08
ILHADOS
Clarah morava em uma ilhota à Rua Purpurina. Pertinho do meu pedaço de apartamento. Coladinhos. Foi lá que a conheci. Por meio do Galera e do Pellizzari. Explico: os meninos, à época, vieram lançar a editora Livros do Mal em Sampa. Aí o Galera me falou: vou ficar hospedado na casa de uma amiga. E aí a onda coincidente: quando vimos, estávamos ancorados à mesma rua. Eu e Clarah e os daniéis. E tive a oportunidade de ler o Máquina de Pinball no original. E lembro que o li em um dia e maravilha! Fiquei entusiasmado com o que li. Uma prosa desconcertante. Um pedido de socorro. Uma garota isolada e ferida. Solidão e porra! Aí ficamos amigos. Eu e Clarah. Não de chopes homéritos. Nunca fomos náufragos íntimos. Mas gosto deveras da Clarah. Faz tempo. E sempre torci e torço por ela, salve, salve, enfim, assado, amém. Pois bem: hoje, quarta, às 19 horas, na FNAC Pinheiros, a gente volta a se trombar e ave! Para um papo ao lado do amigo Xico Sá e do cineasta Murilo Salles. Em função do tão comentado longa, dirigido por Murilo e baseado na Máquina. Vi a fita faz uns meses e eta danado! Revi Clarah durante essa exibição. Trocamos uma ou outra impressão. Inclusive, sobre o que ela gosta e desgosta na adaptação. Visões que haveremos de repetir nesta nossa conversa. Incluídas, é claro e é bom que se diga, algumas merecidas palavras sobre a atriz Leandra Leal. Ela, a alma visceral do filme Nome Próprio (com estréia prevista para sexta agora). E aí lembro do igualmente antológico A Ostra e o Vento. Lembram? O surgimento de Leandra no cinema sob o comando de Walter Lima Jr. A saber: na Ostra, conta-se a história de uma menina trancafiada em uma ilhota. Com o seu velho pai, faroleiro. O único contato que eles têm com a vida lá fora é por meio de uma embarcação. Que vem trazer mantimentos e mundana perturbação. E, aqui, é hora de eu fazer uma ligeira observação: dez anos depois, ao que parece, Leandra volta à ilha. Desta vez virtual, não realista. A menina cai em uma outra rede. Estabelece relações sem limites. Fronteiriças. Repito: numa entrega que há tempo não vejo na tela. Mergulho profundo que começou ali perto, de onde continuo vivendo. E navegando. E mais não digO. Té já e beijos molhados no umbigO. Fui.
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