24.11.08
ACORDAI DO SONO
Amigos todos, escrevo para vocês já direto do Rio de Janeiro. Melhor cidade não há para agradecer e comemorar o que aconteceu nesses quatro dias de Balada em São Paulo. Eta danado! Engraçado como as coisas, ainda recentes, viram memória permanente. Sinto saudades, assim, no sangue. Pulsante que foi essa terceira edição do evento. Tanto agradecimento. Fico doido. Estou com sono. Ainda sonhando. Quem viu pôde ver. Palavras por todo lado acontecer. Como resumir? Vejamos: está fundado o Movimento dos Maus Velhinhos. Enquanto alguns moços são só moços. Que pena! Os poetas Jomard Muniz de Britto e Sebastião Nunes deram o tom da festa. O anárquico exemplo. Sem reclamações os setentões. Assim como a Tatiana Belinky que, aos 90, se reinventa e provoca. Sonoras gargalhadas. Aos versos do Walmir e do Silvestrin. Guzik e a sua vida em constante reviravolta. Coragem para seguir. Pau para toda obra. Quem é Bonassi feito. Aí veio a Cecília de Paquetá, falar de amor a criatura. E veio a dupla argentina. Hablar da Villa Celina e de pornografia. E haja poesia no Teatro Brincante, lotado. Para receber o Grupo Clariô de Teatro. Para ovacionar Solano e o documentário do Miró PPPP - Poeta, Preto, Pobre e Periférico. E por falar nisto, quem será que vai ganhar os 200 mil? O maior prêmio literário do Brasil? Ave! O Tezza e a Beatriz Bracher mostraram quanto valem de verdade. Não há dinheiro que pague. Impagável que foi o humor judaico do Scliar. Em dia inspirado. A clareza clariceana da Berta Waldman. A resposta sincera do Menalton: "com a fortuna do Prêmio São Paulo, eu viraria um descamisado - minha vida seria chinelo no pé e o dia inteiro com o peito de fora". E Murilo Carvalho: "boa parte dos euros que ganhei com o Prêmio Leya gastarei com mulheres, livros e vinhos". E cervejas. Que não faltaram ao aniversário de 40 anos da Mercearia e maravilha! Bem como as fotos do Diniz e da Bel. E todos os amigos ali, cheios de carinho para dar ao Marquinhos. Feliz. E eu, horas e horas sem dormir. Tudo bem. Meu coração acordado. No sábado, ficou explicado. De onde vem a força curativa da prosa do Ronaldo. De onde vem a graça da Luci Collin. E o talento moído do Altair Martins: "eu sinto prazer quando escrevo, sofro apenas quando sou lido". E aí repito: os meninos sem juízo, os maus velhinhos: Jomard e Tião. Tomaram de assalto o picadeiro da Alceu. Meu Deus! Quando aprenderemos, como eles, a levitar? Não adianta tagarelar. A vida se faz hoje e já e sempre. Com tesão. Sei não. Lembro-me das palavras da querida Adélia, mostrando por que silenciou a hipnotizada platéia. Alma viva. Acordai, acordai. Santa e bandida. Cada um que busque a dicção mais profunda. Que vem de longe. Do mesmo chão que gerou a poesia do Camilo. Macaúba da terra. Coisa rara. O encontro de amigos: Angeli e Laerte. Mostrando que a humanidade tem saída. Digo: quando dividimos toda uma vida juntos. Quadrinho por quadrinho. E o que mais, Meu Cristinho? Tenho medo de perder um detalhe. Uma amnésia alcoólica que dá. Depois de a festa acabar. Regada a letra e música do Tatit. Bosco em bom e alto som: "sou um ex-poeta e agora um ex-letrista". Fabiana Cozza louvando o samba. O ritual: salve, salve, saravá, amém. A banda Pata de Elefante encerrando o começo de tudo. Esses meninos vão longe. Em 2009 tem mais. Eu e Maria Alzira já escolhemos o homenageado: o grande João Silvério Trevisan. Outro mau velhinho. Seja, desde já, o nosso guia. Seja, desde já, bem-vindo. Aquelabraço agradecido a todos e deixa eu ir. Que o Rio de Janeiro, mesmo que esteja feio, hoje acordou lindo, lindo, lindo.
Saideira:
- Quer ver fotos da Balada, veja Ivana aqui, aqui, aqui e aqui.
- Fotos e mais palavras, veja Luciana aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
|