9.12.08
COZZA NO JAPÃO
Queridos, há algumas horas voltei do primeiro concerto em Tóquio ao lado do mestre Sadao Watanabe e dos amigos do Brasil. Um teatro lindo com 1.300 lugares e lotado! Até a tampa!!! Como quase toda a estréia com pouco ensaio, meio nervosa, mas os meninos da banda são raçudos e seguraram a onda. A qualidade técnica do espetáculo foi impressionate. Os técnicos de som e de luz aqui, bem como a disposição e seriedade com o trabalho, nos deixam boquiabertos. O profissionalismo de toda a equipe envolvida no espetáculo é ímpar. Nunca vi nada parecido. Para vocês terem uma idéia, todos os técnicos — do diretor de palco ao técnico de PA e mesa, do diretor de luz ao operador — assistiram aos dois ensaios com a banda no sábado e domingo. Ensaios longos, de 6 horas, 7 horas. E todos, sem exceção, do início ao fim, anotando absolutamente tudo, todas as alterações de roteiro, entradas e saídas da cantora, observações do Sadao, etc. Bem, o show em si está dividido em duas partes mais ou menos de 45 minutos cada com um intervalo de 15 minutos. Eu entro interpretando uma canção de Sadao, em parceria com Marcio Moreira, chamada Portas Fechadas. Uma bossa. Leila Pinheiro fez a gravação original. Coração na boca mas concentração total. Entrei sob uma luz azul, linda, e um canhão que se acendeu. Mestre Sadao não me chama de Fabiana. Achei curioso, mas rápido entendi. Criou uma forma carinhosa de me chamar. Apresentou-me todo o tempo como Fabian Cozza. Na pronúncia dele fica "Fábián Côssa". E, em seguida, um sorriso. Ao final da primeira canção, me disse: "Beautiful, Fabián, beautiful" e me apertou a mão. Soltei o ar só aí... A platéia aplaudiu muito, mas acho que um pouco por susto. Pudera: uma baita crioula com um turbante vermelho enorme, cheia de cores e correntes na roupa, não tem todo dia no Japão, né? Em seguida, cantei Deixa. Tudo em casa... Banda suingando... Introdução linda do Marcell, Fabinho Torres do meu lado direito tirando sangue do piano. Sandrinho e Douglinhas mordendo a percussão e tirando o Sadao do chão, literalmente. O baixo do Villa fazendo o meio-de-campo com categoria. Aliás, Douglinhas e Sandro também foram um show à parte com a generosidade do Sadao, que deixou vários solos para os dois. O Dô quase arrebentou o pandeiro e foi aplaudido em cena aberta... Pudera, né? Saí de cena. Mais um pouco de show e intervalo de 15 minutos. A segunda parte do concerto foi mais tranqüila. Todos mais confiantes, a platéia jogando superjunto e dá-lhe Baden e canções de Watanabe. Aliás, quanta alegria na sua música! Funk, ijexá, samba, jazz... Sadao é um jovem de 76 anos... Voltei na quinta música do set cantando One Night in a Dream, uma balada pop. Veio Berimbau e a casa caiu. O morro e toda a africanidade do Brasil chegaram fortes. A platéia, quente, mas comportada, desta vez gritou. Os meninos modularam um tom acima e Sadao entrou rasgante e me entregou a parte mais aguda para coroar nossa estréia: "Capoeira me mandou / dizer que já chegou / chegou para lutar... / Berimbau me confirmou / vai ter briga de amor / Tristeza, camará...". Fim do espetáculo e fui presenteada com uma fã japonesa que me conheceu no Brasil, em maio, no dia da gravação do DVD no Auditório do Ibirapuera. A moça estava inconsolável e pediu à produção que a levasse até mim... Falava mal o português mas dizia: "Fabiana, eu te adoro". Gente, muita alegria... Divido com vocês isso tudo sempre porque é nosso, de verdade, e vocês me ajudam a construir cada dia um pouquinho dessa estrada... Amo vocês e sinto muitas saudades... Beijos e até já.
[ Mensagem enviada pela querida irmã Fabiana Cozza. Leia mais sobre a turnê e as primeiras impressões japonesas, impagáveis e imperdíveis, clicando aqui em cima e salve, salve, saravá, sayonara, amém e maravilha! ]
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