27.3.09
QUADRO NEGRO
Ontem vi um filme de terror. Psicológico. E dos melhores. Desses de a gente ficar preso à cadeira. Da escola. Puta que pariu! A qualquer hora, alguém puxa um fuzil. Tem um surto e risca do mapa o mocinho, a mocinha. Que nada! É um filme sem heróis. Todos lançados ao mesmo abismo. De cabeça para baixo. Explico: trata-se do filme Entre os Muros da Escola. Sim, este de quem todo mundo anda falando. Portentosamente dirigido por Laurent Cantet, ganhou a Palma de Ouro de 2008 em Cannes. A saber: a fita mostra o dia a dia de uma escola secundária na periferia de Paris. E que bem poderia ser, aqui, na zona leste de São Paulo. Um corte: Rodrigo Ciríaco, no ano passado, lançou as narrativas de Te Pego Lá Fora (Toró Edições), em que ele reconta vários dramas da escola pública onde ele dá aula. Lembro quando Ciríaco chegou à sala, no curso de criação literária lá do b_arco. Cabra, o que não falta é personagem à sua volta. Eis sua tarefa-missão: fazer um livro mostrando essa mistura entre ficção e realidade. Da diretora folgada à aluna que vira placa. O livro é bem bom e, reaviso: daria uma minissérie endiabrada. Assim: repleta desses conflitos. Tão idênticos aos enfrentados pelo professor francês, curiosa e magistralmente interpretado por François Bégaudeau — ele que é professor de verdade, igualmente ao Ciríaco, e que escreveu o livro que deu origem ao filme e tenho ditO. Sem contar que vários dos atores são os próprios alunos. Ave nossa! Fazia tempo que eu não saía do cinema tão impactado, emputecido e amedrontado. De unhas vermelhas, de tanto roer. E de pensar. Em que recreio de mundo vivemos e saravá e mais não digO. Vale a pena ver. Para apreender a lição. Longe de querer saber quem tem razão. Ufa! Por hoje é só e bom final de semana. E beijos no umbigO. E fui. E aquelabração.
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