17.4.09
QUAL O PREÇO DE UM SALMÃO SEM CABEÇA?
Você sabe? Eu sei: o quilo custa R$ 15,98. Explico: durante meio período, trabalho como revisor em uma agência de propaganda. Entre textos outros, tenho de conferir preço de peixe, de azeitona verde, etc. Isso, para tirar uma grana fixa. Mas quem diria? Não é o mesmo escritor que caminha por aí? Publicado e resenhado e jabutado, enfim? O homem que comanda eventos? Ziguezagueia os seus contos pelos quatro cantos? Que decadência! Ora, não reclamo: toda vez em que baixo a minha pestana para revisar sou eu quem está baixando. A bola. Quando a literatura garantirá, sem demora, a minha sobrevivência? Não sei a resposta. Mas vou atrás. Cada vez mais sou convidado para oficinas, palestras, curadorias. Não paro quieto. É o meu verdadeiro trabalho. Sobretudo, espalho os meus textos. Em outros ouvidos. Para onde me convidam, eu vou. Ver quem tem agitado a cena e maravilha! Bebo dessa fonte de energia. Exatamente para não me sentir sozinho na batalha. Foi, por exemplo, juntando as armas que, sem dúvida alguma, conseguimos as bolsas de criação que têm dado descanso e sustentação a muita gente. Lembro: eu, Ricardo Aleixo, Sérgio Fantini, Frederico Barbosa, Ademir Assunção participando de uma reunião atrás da outra. Até para Brasília eu levei o meu outro lado de prosador. Defendendo cláusulas que eu não entendia, pô! E a guerra não parou por aí. O movimento continua. De um lado, vários assessores trabalham a obra de grandes escritores. De um outro, é a gente mesmo tendo de soltar o verbo além. Nos programas de TV, sim. Nas festas e feiras literárias, amém. E nos sites e blOgues. Por que não? É ilusão achar que só o jornal impresso vai nos dar credibilidade, sei lá. Não veem que a imprensa tradicional já está para lá de Bagdá? Falida de ideias, tentando se encontrar? Tentando entender o que se passa. Nas páginas on-line, no YouTube — onde caminha a humanidade. Ave! Que tanto blablablá é este, Meu Pai? Longe de ser cagação de regra, como prometi, este pôste de hoje é só para continuar o debate-papo entre queridos companheiros de ofício. Não estou dizendo, no entanto, que todo mundo deve ser como eu, aviso: um cara que escreve pouco (publico livros de três em três anos) e que tem fama de agitador. Reaviso: cada macaco no seu parágrafo. A riqueza — e a nossa pobreza — vem disto. E mais não digO. Porque já está na hora do almoço. Espera por mim um salmão no prato. Ah, delicioso! Fui e beijos no umbigO e bom feriado e aquelabraço a todos.
Em tempo: como já falei, partirei em viagem mais uma vez. Desta vez para Salvador. Estarei às 19 horas deste domingo na Arena Jovem da Bienal do Livro da Bahia. E ainda: quem estiver em Porto Alegre, não deixe de prestigiar a segunda edição da FestiPoa que começa na terça. Tire a sua bunda da cadeira e confira aqui a programação e beleza!
Ah! E atenção: volto aqui só na segunda, dia 27. Té.
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