8.6.09
É DE FODER
Recebi em casa o novo e esperado romance do Reinaldo Moraes. Título: Pornopopéia (assim mesmo, em "desacordo" ortográfico). Editora: Objetiva. Número de páginas: 475. Volume que a gente vai lendo assim, num fôlego. Num ritmo medonho. Nunca dei tanta gargalhada, juro. A precisão do cabra. O estilo machadiano misturado a drogas e rock e overdose na medida certa. Ou incerta. A cada frase, um solavanco. Um susto, uma picada. Enredo: a história de um ex-cineasta marginal chamado Zeca. Ele que tem de escrever um roteiro publicitário. Pensar, para ganhar uns trocados, em um filminho para uma nova linha de embutidos de frango da Granja Itaquerambu. A partir disso, vai desfiando o seu humor. A sua visão de (cu do) mundo. Hilário, hilário! Atenção, escritores e atores e cantores e, sobretudo, publicitários. Leitores em geral, vale dizer: este romance do Reinaldão é a nossa cara. Chapada. Amarelada. Já nasce classicão. Repito: com o calhamaço na mão, a gente não vê o tempo passar. E vê. O nosso tempo. A sociedade em que vivemos socados. Alienados, pois. Não deixa de ser melancólico o que lá está. Eta danado! O que fazer? Viciados que a gente fica só de avançar. Nos parágrafos, é bom que se diga: escritos numa categoria ímpar, fodida. Que nos ensina, na velocidade reinante: pare. E repense. Literatura enxuta não é só aquela, que bem conheço, a micro. O cara, quando sabe o que faz, ginga numa epopeia mordaz. Ferina. Onde uma palavrinha que se tire fará falta. Se eu fosse você, corria à praça e pegava desde já o seu exemplar. O lançamento, a saber: vai rolar no dia 29 de junho, na Mercearia São Pedro. Não tenho dúvidas e aviso, sem receio: estamos diante de um grande livro. Literalmente. Como poucos e raros. Festejemos a boa nova. E deixa eu ali continuar com a minha leitura. Há tempo que eu não me deleitava com tão bela foda. E mais não digO. Aquelabraço a todos e beijos lambidos no umbigO. Fui.
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