2.6.09
EU & JULIETA
"Faz uns cinco anos que estou à tua procura", disse-me a senhorinha de mais de sessenta. Lá, em Portugal, nesta minha recente viagem. Da qual, nem contei o que devia. Tamanha correria. Pois: o nome dela é Julieta. Subia as ladeiras da praça da Feira do Livro de Lisboa. E me caçava, à toa, nos estandes brasileiros. "Ele organizou uma antologia de microcontos", dizia. Viu na TV portuguesa, acreditem. Uma matéria. Também ouviu falar do meu livro Angu de Sangue. "Deve ser uma comida bem saborosa", imaginou. E ziguezagueou esses anos todos, pô! Numa simpatia sem tamanho. Até que, ufa, me encontrou. "Quando me disseram que você estaria aqui, em carne e osso, eu dei valor à minha teimosia". Julieta chegou cedo ao auditório. E conversamos como velhos amigos. Dei-lhe um exemplar dos Cem Menores Contos. Dei-lhe um do Angu. E ficamos na maior alegria. Essa, que a gente não imagina. Além-mar. Alguém interessado em nos descobrir. Enfim, assado, assim e saravá! Os olhos de carinho de Julieta. Quanta esperança nos dá, de quando em vez, a literatura. A beleza que é o coração dessa mulher! Inesquecivelmente. Lembro e fico sem palavras. Eta danado! Já, já, parto para o Rio. Exatamente para o lançamento, na Livraria Travessa de Ipanema, do Dicionário Amoroso da Língua Portuguesa. Guardarei um exemplar para Julieta e mais não digO. Beijos na flor do Lácio. E do umbigO. Fui.
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