25.8.09
FERIDA VIVA
Quem já não teve vontade de desaparecer? Tomar rumo sem prumo. Sumir de tudo. Enfim. Foi o que fez o cantor e compositor Belchior. Vi na TV. Há dois anos que ele não dá notícias à família. Ao empresário. Não atende a nenhum chamado. Deixou carro estacionado em garagem de aeroporto. No prédio em que vivia. Putz grila! Paralisei com a notícia. Pensei nesta figura. Única e bigoduda. Para quem é nordestino, sobretudo, bem sabe. Ave! O cara era o cara. Com suas letras cheias de rebeldia. E de melancolia. Mudou muito o destino de algumas coisas minhas. Lembro: "Aquela estrela é dela / Vida, vento, vela, leva-me daqui". Ou assim: "Minha vida que parece muito calma / Tem segredos que eu não posso revelar". E, no mais, para terminar: "Se você vier me perguntar por onde andei / No tempo em que você sonhava / De olhos abertos lhe direi / Amigo, eu me desesperava". Profético, não? Espero que o cabra esteja bem. O resto sai na purpurina. "Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração". Aquelabraço, meu irmão. Salve, salve, saravá, amém. Em tempo: hoje à noite tem o lançamento de O Pai dos Burros, dicionário de frases feitas e lugares-comuns organizado pelo querido Humberto Werneck. Acontece na Livraria Cultura da Paulista. Enquanto isso, pego já já o avião para Ribeirão. "E a aeromoca, sexy / Fica mais bonita...". Até a próxima vista. Fui.
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