31.8.09
FORA DO AR
Ninguém quer ver mais a gente assim fora do ar. Com a garganta na janela. De olho no pé dos outros. Flagrando topadas e bundas. Ninguém quer silêncio. Para dentro, a gente viajando no esquecimento. De segunda a segunda. Ora essa. Na leitura de um livro, nem pensar. Se o fumo já é proibido. Agora a poesia também é. Está proibida a paquera. Pô! No metrô. No calor do ônibus. No bafo, da coxa com a coxa, do ombro com o ombro. Meu Cristo! Explico: agora a Rede Globo de Televisão tomará conta. Do nosso transporte urbano. Ela e a BAND, por enquanto. No trânsito, buzinando no nosso juízo. William Bonner e Tony Ramos. Ave nossa! Dizem que a transmissão será muda. Mas você poderá sintonizar a fala. Via rádio e celular. Puta que pariu e saravá! Acho que estou ficando velho. Sem sintonia. Até os táxis o Plim-Plim vai invadir. O fim. Saudades, quem vai sentir? Do hálito da rua? Da vida viva? Da baixa audiência que já dão à literatura? Deixa estar. Melhor, em vez de ficar usando este blOgue para reclamar, é anunciar que amanhã, terça, na Livraria da Vila da Fradique, tem lançamento do primeiro romance do querido Fabrício Corsaletti. Li um dos capítulos na Folha de S. Paulo. E recomendo, entusiasmado. Título: Golpe de Ar. Editora: 34. E na quinta, na mesma hora, às 20, dose dupla: outro Fabrício, o Carpinejar, autografará a nova edição do seu Terceira Sede no SESC Vila Mariana. E no SESC Pinheiros, dentro do projeto Tertúlia, teremos o Ferreira Gullar falando sobre o Fernando Pessoa. Quanta coisa boa! É isso. E mais não digO. Aquele beijo na bunda e no umbigO. Fui. A pé. Juro: agora só vou andar a pé. De olhos fechados. Nunca se sabe, não é? Té.
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