7.12.09
FORÇA, MÁRIO
Estive no Rio e, logo em seguida, em Piracicaba. Estava distante, desplugado. Desde a Balada Literária, enclausurado em um mundo ideal. Poesia, prosa. Amigos, cerveja. E beleza! A gente inventa uma vidinha possível. E vai levando. Mas eis que volto. No domingo, acordo tarde. Esqueço manchetes, não vejo os jornais. Tenho fome. Lá embaixo, o telefone toca. Meio desesperado. Quem será? Não ouço, não atendo. Ligo para a querida Adrienne Myrtes. Faz tempo que não vamos ao cinema. Quero continuar noutro mundo. O do Almodóvar. Cores berrantes, melodramas. Na saída, na fila, encontro o amigo Samir Mesquita. Pergunta-me ele sobre o Mário. O Bortolotto. Repete a pergunta. E me informa dos tiros. Do assalto. Mário no hospital. Caralho! E eu desabo. Demoro a acreditar. Saio do cinema, tonto. Assombrado. Ligo imediatamente para Fernanda D'Umbra. Ela me conta. Gente que me telefonava. Pela manhã, para avisar. Meu celular sem funcionar. Lembro do Mário. Da admiração fraterna e calada que tenho por ele. Um respeito profundo que já faz um tempão. Desde as primeiras temporadas do Cemitério de Automóveis. Recordo a importância dele para o teatro da cidade. Para a Praça Roosevelt. Ele, no balcão da Mercearia. Na dele. Ele e o vinho. Penso nos amigos do Satyros. Vem-me ao peito o Sérgio Vaz. Assim. A energia de um povo que põe a roda para rodar. Interfere na geografia do lugar. Gente como o Gero Camilo. Lembro dele. Do Gero. De vários atores. Autores, escritores. Bate-me a imagem idem de artistas diversos. Que Mário generosamente ajudou a revelar. A impulsionar. Paulo de Tharso, Kitagawa, Kumasaka, Gabriel Pinheiro, Carcarah. Esse, que saiu também ferido. Meu Cristo! Feridos todos estamos. No mesmo baque. A violência que nos acerta. Em cheio. Mas não nos entregaremos ao medo. Tão cedo. Corremos do cinema para o Espaço dos Parlapatões, eu e Adrienne. Fizemos lá, irmanados, uma corrente. Unimos as forças pelo Mário. Por nós. Ele vai sair desta. Ele é guerreiro. Grande guerreiro! Quando ele voltar, a gente continua. A cena. Cada um no seu mundo. Possível. Sempre possível. Apesar de tudo. Estamos juntos. No pensamento, firmes. Adiante. E confiante. Fui. E vamos que vamos.
Em tempo:
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CRISTIANE DO CARMO VIANA Banco: Unibanco Agência: 0935 Conta Poupança: 127721-6
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