1.3.10
DEZ ANOS DE ANGU
Ano 2000. Eu, já morando na Vila Madalena, batia perna. Ora essa! Cadê os novos escritores dessa cidade? Onde se escondiam? Ave! Todo sábado, ia eu aos sebos e cafés. Até que parei no Sagarana. Livraria do Evandro Affonso Ferreira. Ele, escritor fodido! Estilo inconfundível. Ficamos amigos. E, a partir dali, resolvemos organizar uns encontros. Reuniões regadas a bolinho de queijo. Biscoito e risos avessos. Local: um café em cima da Editora Hedra (que continua no mesmo endereço, na Rua Fradique Coutinho). Muitas vezes também nos acotovelávamos na sala da própria editora. Apertadinhos. Lá, trocamos os primeiros parafusos com Bonassi, Bressane, Ivana, Joca, Marçal, Mirisola, Nelson, etc. Sobre o que aconteceu nessa época, só em 2003 é que eu e Nelson organizamos a revista, de número único e esgotada, a PS:SP. Mas estou relatando isto porque foi neste mesmo ano que eu, ainda inédito, mostrava aos mil cantos o original do meu Angu de Sangue, com fotografias do artista plástico Jobalo. Livro de contos que eu preparava para lançar de forma independente. Mas ei que aparece para beber uma água com a gente o crítico literário João Alexandre Barbosa. Figura ímpar e generosa. Ouviu, cachimbando, os meus contos. Para coletivo espanto, me indicou rapidamente para Plínio Martins, da Ateliê. Já no mês de novembro de 2000 lancei por lá o meu primeiro trabalho via uma editora. E o livro ganhou força. E o saudoso João além da indicação, assinou o prefácio e publicou esse prefácio em primeira mão na Revista Cult. E tudo começou ali. E parece que faz tanto tempo! O tanto de coisa que rolou. Ave nossa! Uma década. Meu Cristo! Que o Angu anda sendo servido, sempre quente, e tenho ditO. E mais não digO. Apenas, antes de ir embora, não posso deixar de fazer uma menção ao grande José Mindlin que, como João Alexandre Barbosa (que hoje dá nome à livraria da USP), era um apaixonado pelo livro. Raros corações que nos deixam. Mas que continuam batendo na nossa memória. Sempiternamente. E vamos que vamos. E beijos no umbigO. E bora embora. E fui. Em frente.
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