30.3.10
MICROCONTOS NA ABL
Foi o poeta carioca Ramon Mello quem hoje me contou. Dos microcontos na ABL. Explico: a Academia Brasileira de Letras acabou de criar um concurso. De microcontos para o Twitter. Vixe! Uma narrativa em até 140 caracteres. E maravilha! Lembrei ao querido Ramon. Eu sempre falo do Machado. Ele, o De Assis. Toda vez em que sou perguntado. Sobre as narrativas curtas. Machado sempre meteu o machado, cortou palavras. Em alguns dos seus romances, são comuns microcapítulos. Parágrafos vupt, vapt. Sem contar que, à época em que organizei a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, em 2004, para a Ateliê Editorial, três imortais participaram: Antonio Carlos Secchin, Lygia Fagundes Telles e Moacyr Scliar. Ave nossa! Essa história toda começou no ano de 2002, com a Coleção 5 Minutinhos criada por mim. Para ela, eu convidei dez escritores. Eles tiveram que criar microrromances, microcontos, poemas, sonetos para serem lidos em trinta segundos cada, coisa curta, livretinhos que eu ia distribuindo gratuitamente em salões de beleza, pontos de ônibus. Aí, dois anos depois, resolvi radicalizar: juntar cem escritores para escreverem contos de até 50 letras. E por aí foi. Muito antes do Twitter, pois. Mas é bom que se diga: Kafka já escrevia mínimo. Julio Cortázar, Hemingway e tantos outros nessa animaçâo. Gostei de ver. A Academia arregimentando mais gente para treinar a concisão. Desafio, creio, que a maioria dos imortais deveria praticar. E saravá! Ainda ao amigo Ramon (que está fazendo uma matéria sobre o assunto), resolvi enviar um microconto inédito, intitulado Chá. Veja-o logo abaixo. E se quiser participar do concurso da ABL, é só clicar aqui em cima. E aquelabraço. E beijos no umbigO. E beijos na ponta da língua. Fui.
CHÁ
E não molham mais o biscoito os imortais.
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