19.3.10
O MUNDO É DOS CHATOS
"Será que sou um poeta chato?". Perguntou-me ontem um dos amigos que fazem a minha oficina no b_arco. Porque a poesia que ele faz é cerebral, matemática. "Filosófica", corrigiu ele, etc. e tal. E fiquei eu com a indagação. Levei a questão para casa. A buzinar no meu juízo. Será que serei idem um prosador pentelho? Lá vem ele falar de microcontos. O mala, mais uma vez, falar de negros e despossuídos. Não tem um pensamento brilhante. Uma palavra que valha a cerveja que ele toma. Ave! Aí me veio a cabeça, por exemplo, o recém-lançado livro de poemas Esquimó, do Fabrício Corsaletti. Mó legal! O cara não tem uma poesia-pedestal. Digo assim: a poética de nariz em pé. Querendo ser. Ele é o que é. Discreto e interiorano. E tem coisa mais fora da roda? Quem aguenta esse papo caipira? Dirão. Sempre tem uma hiena de plantão. Se correr o bicho pega. Cola e gruda. Quanta gente vive sugando a nossa paciência, não? O importante é a pulsação. Rarará. Perdão pela amolaçao. Esse pôste, na verdade, é para dizer que o poema Seu Nome, do livro do Corsaletti, é o que eu gostaria de ter escrito. Simples. Poesia que já nasce clássica. Sei, sei. Tem coisa mais chata? Tamanha afirmação? Aproveito o assunto para falar do livro Os Famosos e os Duendes da Morte, de Ismael Caneppele. Em minhas mãos, agora. Saído do forno. Primeiro foi lançado como filme - dirigido por Esmir Filho e grande vencedor do Festival do Rio 2009. E ufa! Finalmente o original conseguiu uma editora, a Iluminuras. Faz tempo conheço o Caneppele - assino eu a orelha da edição. Baita escritor. Na dele, escreve solto. Escreve leve. Sem pose. O segredo é este: seguir na sua. Meio que distraído. Hoje mesmo estou meio esquisito. Meu Cristo! Melhor ir embora. Antes, a saber: respondi ao amigo. "Seja chato. Mas seja o melhor chato do mundo". Rarará. E por falar nisso, clicando aqui veja depoimentos de cem escritores, colhidos por Michel Laub. Falando eles de suas manias na hora de escrever. Cada macaco no seu parágrafo, pois é. Só falta você. Poeta ou prosador. E mais não digO. Aquelabraço e beijos no umbigO. Com amor. Fui. E té.
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