24.5.10
NOSSA HUMANIDADE
O toca-discos girando. Tudo em volta. De volta, enfim. Fui lá assistir, sábado, ao encontro de feras-dinossauros. Explico: a peça escrita e dirigida pelo Bortolotto. Ele mesmo, no palco. Ao lado dos amigos. E um toca-discos lá, à beira da cena, rodando muita memória. No meu juízo. Ter visto o Mário outra vez fazendo o que ele mais gosta. Depois do que passou. A vida, ali, parecia um gesto milagroso. Num tempo em que nos arrancam, um por um, o bem mais valioso. A amizade, essas coisas. Artistas bons. Porra! Uma verdadeira celebração. O teatro simples que o Mário faz. Sem delongas, sem firulas. Reúne a turma e mãos à obra. A saber: na montagem estão Lourenço Mutarelli, Paulo de Tharso [o Picanha], Carlos Carah, Eldo... E atrizes poderosas como Cacá, Helena, Paula, Wanessa, etc. Ave, ave! Um resumo da Música: quarentões tontões trocam dedos de prosa. Pagam putas para ouvir. E a gente ouve. Frases sobre um amor que acabou, do tipo: "espero que ela não volte. Não saberei o que fazer com ela se ela voltar". E o toca-discos sempre lá, no seu lugar. Pulsando, melancólico. E também um piano, do outro lado. Para o canto feito ao vivo. Acusticamente. Picanha, por exemplo. Solta o peito. Quem, por acaso, tratou de escrever a sério sobre esse ator - revelado pelo Mário, como tantos que ele tem fisgado? O tempo para a comédia do Picanha, a espontaneidade... Caralho! O desamparo com que ele nos invade. Loas idem ao Lourenço. No seu olhar bobo-bobeira. E o silêncio do personagem do Mário. Encalacrando a gente. Os diálogos na agulha. Afiados. Puta que pariu! Repito. Por que os críticos-bundões não enxergam? A sinceridade com que o Bortolotto vem levando a sua obra. Sempiternamente. E a alegria com que brinda aos amigos. A vida ali. De volta. Nesse nosso toca-e-não-toca. Desde a mais antiga história. Da humanidade. Dinossauros, avante. E ave! Valeu pelo presente. E mais não digO. Aquelabraço e beijos no umbigO. Fui.
Em tempo: ontem, domingo, fui ver a peça Popol Vuh, dirigida por Rogério Toscano e com os alunos da Escola Livre de Teatro. Amanhã falo sobre a emoção que foi. E idem sobre a emoção de ter eu virado autor-personagem de uma HQ criada pelo Gabriel Bá. Puta que pariu! Eta danado! Clique aqui em cima para ver. Que beleza! Depois dou mais detalhes. Até amanhã, terça. Fui de novo. E aquelabraço.
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