30.7.10
INCENDIANDO
Del Fuego baixo. Falo: a primeira vez em que bati os olhos. E os ouvidos na Andréa. Era noite de São João. Não lembro se foi naquela ocasião. Em um sarau. Quando ela leu uns textos dela. A voz baixinha. Parecida a de uma boneca sem pilha. Tímida. Em banho-maria. Quem me apresentou a Del Fuego foi a Ivana Arruda Leite. No mesmo dia, ao que parece, conheci a Índigo. Minha memória falhando. Aqui, no pôste abaixo, disse um dia sobre o Joca. Agora, sobre a Andréa. Repararam? Meu blOgue virou um dossiê nostálgico. Porque os dias vão correndo. É nisso que dá viver muito tempo. Caralho! Que turma de amigos fizemos! Cada um no seu parágrafo. É sobre isto que eu quero dizer. Acabei de ler o romance de estreia da Andréa Del Fuego (ela só havia publicado contos), recém-lançado pela Língua Geral. Título: Os Malaquias. Li em minha ida a São João Del Rey. Melhor leitura não haveria. Nas terras de Minas. Como cresceu essa menina! Del Fuego passeia pela vida de uma família. Que se separa. Cada irmão para um lado. Adotado. Pelo mundo. Sei bem disto. Sou caçula de uma penca de nove filhos. Espalhados por aí. Sei, sim. De saudade, ruptura. Del Fuego fez alta literatura. Cheia de humanidade. Tão em falta. Aleluia e ave! Ela traça os deslocamentos. Os desamparos. As esperanças pequenas. Em metáforas bem colhidas. Frases diretas nas feridas. Meu Cristo! Haverá algum crítico de plantão que dê conta do que acabou de fazer a Del Fuego? Um clássico, juro. E esqueçam de que sou amigo dela. Aliás: lembrem-se de que sou amigo dela. Do Joca. Da Ivana. Da Índigo. De tanta gente... Ora essa. Que está aí. Colocando a alma na janela. Sempre na luta. Não se enganem. Todos foram construindo. E ainda estão construindo. A duras penas. Este árduo ofício. Acendendo. E ascendendo, aos poucos. Incendiando. Eta danado! Maravilha e beleza! Parabéns, querida. Pelo grande romance que você fez. E mais não digO. O meu abraço a vocês. Beijos no umbigO. E fui e até a próxima vez.
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