RASIF - Mar que Arrebenta
Clique aqui e conheça mais
sobre o livro.



Contos Negreiros
Clique aqui e conheça mais
sobre o livro vencedor do
Prêmio Jabuti 2006.



Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século
Clique aqui e conheça mais
sobre o livro.



Coleção 5 Minutinhos Infantil
Clique aqui e saiba mais sobre a Coleção 5 Minutinhos Infantil.


BaléRalé
Conheça mais sobre o livro de contos "BaléRalé", lançado em maio de 2003.


PS:SP
Saiba mais sobre a revista PS:SP - Uma (in)certa literatura feita hoje em São Paulo.


Coleção 5 Minutinhos®.
Conheça a versão adulta da Coleção 5 Minutinhos, já esgotada, lançada em setembro de 2002.


eraOdito
Este livro você também pode ler em 5 minutinhos. Confira aqui algumas frases. O projeto gráfico é de Silvana Zandomeni.


Angu de Sangue
Conheça um pouco sobre o livro de contos "Angu de Sangue", lançado no ano 2000.

13.9.10

JÁ ERAODITO

Amigos todos: vou ter saudades, aqui, desta página. Deste layout, cara. Desta forma. Ave nossa! Pois é. É chegada a hora. Do fim. Vou fechar, hoje, dia 13 de setembro de 2010, este eraOdito. Que ele já andava meio bambo. Tantos anos. Desde 2002, no ar. O cansaço uma hora chega. Tanta coisa me passa pela cabeça. Os assuntos, as polêmicas, as brincadeiras. As cartas abertas. As rapidinhas. Sim. O barulho que ele fez. Sempre, por onde passo, havia um leitor ligado. Recebi recentemente, inclusive, alguns telefonemas. Por que você está tão desaparecido? Houve algo? Não. Apenas acho que o eraOdito já deu. O que tinha de dar. E saravá! Ajudei, no que pude, a divulgar a nova e a velha literatura. Valeu. E é isto. Sem delongas. Elevo aos céus. Minhas preces, agradecidas. Mas calma: eu voltarei em breve. Com nova pegada. Em outro endereço. Quero recomeçar. Voltar a me entusiasmar, entendem? Feito criança. Que pega. De novo. No pirulitO. Agradeço, sobretudo, ao amigo EDUARDO FORESTI, que colocou o eraOdito para funcionar. Deu o desenho que ele tem. Imortal, no meu juízo, salve, salve, amém. E é istO. Enfim, assado. Eu não pensei que ficaria emocionado. Eta danado! E fiquei. Nostálgico, de repente. Mas tudo tem de ir para frente. Não tem? Adiante. Defronte. Não pensem que eu sumi. Do horizonte. Continuarei, por enquanto, apenas no Twitter. Postando, lá, algumas micronotícias e meus contos nanicos. É só me seguirem: www.twitter.com/marcelinofreire. E é isto. E mais não digO. Porra! Não quero me alongar. Agradeço o carinho e a atenção de todos. Beijos no umbigO. E meu abraço gostoso. Fui. Mas continuo vivo. E tenho ditO. E té já.

Em tempo: estou preparando a quinta edição da Balada Literária. Que este ano será em homenagem a Lygia Fagundes Telles e acontecerá de 18 a 21 de novembro. Para saber mais sobre ela, é só seguirem o evento no: twitter.com/baladaliteraria.


3.8.10

QUASE TUDO SOBRE A FESTA

Sim, prometi dar uns esclarecimentos aqui. Falar sobre a Festa Literária Internacional de Paraty. Por que não irei desta vez. Se é que isso interessa a alguém. E interessa. O assunto foi capa da Ilustrada de sábado passado. A suposta polêmica da minha não-ida. Porra! Eu apenas comentei no Twitter. Depois de ter participado de todas as edições (como convidado ou não), resolvi não ir. Avisei por lá: que não tinha saco, assim. Para ouvir FHC falando de Gilberto Freyre, etc. Aí o assunto foi destaque no jornal. O repórter Fábio Victor me ligou. Colheu depoimentos outros. Indagou: por que nesta edição apenas um dos convidados nunca esteve no evento? A Festa será que realmente tucanou? Ave e ufa! Tanta coisa passa agora no meu juízo. Que é melhor eu abrir uns tópicos, ABAIXO. Vamos logo aos fatos e eta danado!


[01] Ninguém pode afirmar que eu não fui um dos primeiros e mais ferrenhos entusiastas da FLIP. Briguei, até, por ela. Em conversas regadas a unhadas e cervejas. Defendi a importância de um projeto deste tipo: que colocava a literatura nas ruas. Os livros dentro da paisagem. Da cidade e ave!

[02] Estive como convidado oficial no ano de 2004. E, não há dúvida, da visibilidade que a FLIP dá depois que o autor passa por lá. Ganhei novos leitores, gente que até hoje procura meus livros, acompanha meus passos e oh! Em 2006, fui convidado para mediar uma mesa. No ano passado, participei da programação da Casa de Cultura. Sem contar as vezes em que acompanhei a programação da OFF FLIP, etc.

[03] Vale lembrar - e nunca deixei de ressaltar na imprensa - que a Balada Literária, evento que criei e que acontece, anualmente, desde 2006, só foi possível porque a FLIP chegou para balançar e inovar.

[04] Mas, então, que blablablá é este? Pode nos explicar? Por que, afinal, você não irá à FLIP 2010? O que aconteceu? O escritor emputeceu? Vejamos...

[05] Em março deste ano, Claudiney Ferreira, do Itaú Cultural, me ligou para falar da vontade de levar, para Paraty, o meu projeto AuTORES EM CENA. Infelizmente, a verba não deu. Compreendi. Claudiney é parceirão de muito tempo. Saí, pois, correndo para, em cima da hora, reservar pousada, essas coisas. Na correria, ao telefone, é que me toquei. Estou mesmo indo para onde? Para ver quem? Assistir ao quê? Eu havia ligado meu desejo no "automático", entendem? Eu estava tomado pelo impulso. Uma ou outra mesa me interessava. Fui ficando estranhamente puto...

[06] Caramba! Pensei idem na FLIP do ano passado. Já nos jornais, durante a última edição, eu havia comentado. Da minha impressão: de que a FLIP estava encaretando. Eu fui o único escritor que chamou a atenção, por exemplo, para a censura velada feita ao mexicano Mário Bellatin (deu na mesma capa da Ilustrada de 2009). Comentei idem dos livros apreendidos na cidade. Assunto longo... Aí, repito: fiquei me perguntando. Por que vou mesmo este ano?

[07] Admiro o Gilberto Freyre. Já escrevi sobre ele. Tive a oportunidade de, ainda adolescente no Recife, ter conhecido pessoalmente o autor de Casa Grande & Senzala. Sem problemas com o Freyre. Mas me irritou tanta mesa sobre sociologia. E pouca prosa e pouca poesia. É bom que se diga: não sou contra a diversidade. Quanto mais tribos juntas, melhor. A Balada Literária que organizo é uma prova disto. Poetas, atores, músicos, fotógrafos. Todo mundo junto... Porém: que é chato é, refleti. Sociólogos demais, por quê? Não levei fé.

[08] O que vou eu fazer em Paraty assistindo à conferência do FHC? Por mais boa-vontade que eu tenho, não entendo a presença do ex-presidente abrindo os trabalhos da Festa. Logo ele, que nunca gostou do Freyre. Em ano de eleição? Argh! "Vai não", disse assim o meu coração.

[09] Aí fui ver a relação dos autores brasileiros. Atenção: nada contra o talento notório de amigos como Antonio Cícero, Beatriz Bracher, Chacal, Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito, entre outros. Mas impossível não querer saber: por que, na lista, a presença apenas de um autor que nunca esteve no evento? Deu-me preguiça. Muitíssima preguiça.

[10] Acompanho o movimento da literatura brasileira, porra! E sei de tanta gente boa que poderia estar por lá. E por que não está? Só vai à FLIP, agora, o autor que tiver dinheiro para pagar, é isto? Será? Digo: só pisará em Paraty o autor que tiver alguém que patrocine? O que acontece com a Festa mais importante da nossa literatura? Hein? A FLIP está saturada? Deu enfado? A curadoria, mesmo esforçada, não consegue resistir às pressões financeiras? Ganhou ares de arrogância - e de ignorância - aprendidos com alguns dos gringos convidados? Caralho! Minha cabeça foi ficando pesada.

[11] Pensei, no ato, em vários nomes, plurais e tais, que, salvo engano (ou vai ver que alguns recusaram o convite - ou que estão numa possível lista negra, como o Marcelo Mirisola), nunca pisaram à Tenda dos Autores. A saber: Ademir Assunção, Aguinaldo Silva, Aldir Blanc, Alice Ruiz, Altair Martins, Amílcar Bettega Barbosa, Ana Paula Maia, Andréa Del Fuego, Antonio Prata, Augusto de Campos, Bráulio Tavares, Bruno Zeni, Caco Galhardo, Cadão Volpato, Carpinejar, Chico César, Clarah Averbuck, Cláudio Willer, Daniel Pellizzari, Décio Pignatari, Evandro Affonso Ferreira, Frederico Barbosa, Gilvan Lemos, Glauco Mattoso, Índigo, Ismael Caneppele, Ivana Arruda Leite, Ivan Marques, Jaguar, Jomard Muniz de Britto, João Anzanello Carrascoza, João Silvério Trevisan, Jorge Furtado, Jorge Mautner, José Castello, José Simão, Laerte, Luiz Roberto Guedes, Marcelo Carneiro da Cunha, Marcelo Montenegro, Marcelo Moutinho, Marcelo Rubens Paiva, Márcia Tiburi, Maria José Silveira, Mário Prata, Márcio Souza, Menalton Braff, Micheliny Verunschk, Michel Melamed, Miró, Nei Lopes, Nelson de Oliveira, Nicolas Behr, Paulo Scott, Ricardo Aleixo, Ricardo Silvestrin, Ronaldo Bressane, Ronaldo Cagiano, Roniwalter Jatobá, Sebastião Nunes, Sérgio Cohn, Sérgio Faraco, Sérgio Vaz (este, responsável por uma das grandes celebrações literárias, o Sarau da Cooperifa, que acontece há nove anos na periferia de São Paulo), Sidney Rocha, Vicente Franz Cecim, e ave nossa! Perdão. Sei que ainda falta, aqui, um montão de gente (sem contar os que já morreram). Que tem feito a diferença. E é, de alguma forma, posta de lado. Vocês, aí, vão me dizendo outros nomes, enfim, assado.

[12] Não tem lógica apenas argumentar que é uma questão de curadoria. Sei, sim, e compreendo que, aqui e ali, os nomes devam se repetir. Este não é o problema. O problema é a preguiça. Ou: a falta de coragem. Ou: a falta de um olhar mais renovador e generoso para muitos escritores que estão, há tempo, batalhando para que a literatura ganhe projeção. Saia da mesmice. Do casulo. Do limbo e vixe! É só o povo que organiza a FLIP dar mais uma espiada nos nomes acima (e a essa lista acrescentar outros nomes). Quanta coisa poderia ser feita! Quanta ginga! Quanta química!

[13] Tenho, repito: admiração pelo que a FLIP veio representar para a nossa "resistente" literatura. E é por ter admiração, torcer por ela e continuar resistindo que, desta vez, prefiro não ir. Em um protesto que, até então, era silencioso. E que ganhou as páginas da Folha de S. Paulo. Não me incomodo. É até saudável. Uma boa oportunidade para reflexão e discussão. De minha parte, já peguei o meu calção. Parto amanhã para Florianópolis. Vou visitar o amigo e escritor Santiago Nazarian. Acordaremos de manhã. A fim de caminhar.

[14] Fui e mais não digO. Abraços para todos. E beijos festivos no umbigO. Salve, salve, amém e saravá!


30.7.10

INCENDIANDO

Del Fuego baixo. Falo: a primeira vez em que bati os olhos. E os ouvidos na Andréa. Era noite de São João. Não lembro se foi naquela ocasião. Em um sarau. Quando ela leu uns textos dela. A voz baixinha. Parecida a de uma boneca sem pilha. Tímida. Em banho-maria. Quem me apresentou a Del Fuego foi a Ivana Arruda Leite. No mesmo dia, ao que parece, conheci a Índigo. Minha memória falhando. Aqui, no pôste abaixo, disse um dia sobre o Joca. Agora, sobre a Andréa. Repararam? Meu blOgue virou um dossiê nostálgico. Porque os dias vão correndo. É nisso que dá viver muito tempo. Caralho! Que turma de amigos fizemos! Cada um no seu parágrafo. É sobre isto que eu quero dizer. Acabei de ler o romance de estreia da Andréa Del Fuego (ela só havia publicado contos), recém-lançado pela Língua Geral. Título: Os Malaquias. Li em minha ida a São João Del Rey. Melhor leitura não haveria. Nas terras de Minas. Como cresceu essa menina! Del Fuego passeia pela vida de uma família. Que se separa. Cada irmão para um lado. Adotado. Pelo mundo. Sei bem disto. Sou caçula de uma penca de nove filhos. Espalhados por aí. Sei, sim. De saudade, ruptura. Del Fuego fez alta literatura. Cheia de humanidade. Tão em falta. Aleluia e ave! Ela traça os deslocamentos. Os desamparos. As esperanças pequenas. Em metáforas bem colhidas. Frases diretas nas feridas. Meu Cristo! Haverá algum crítico de plantão que dê conta do que acabou de fazer a Del Fuego? Um clássico, juro. E esqueçam de que sou amigo dela. Aliás: lembrem-se de que sou amigo dela. Do Joca. Da Ivana. Da Índigo. De tanta gente... Ora essa. Que está aí. Colocando a alma na janela. Sempre na luta. Não se enganem. Todos foram construindo. E ainda estão construindo. A duras penas. Este árduo ofício. Acendendo. E ascendendo, aos poucos. Incendiando. Eta danado! Maravilha e beleza! Parabéns, querida. Pelo grande romance que você fez. E mais não digO. O meu abraço a vocês. Beijos no umbigO. E fui e até a próxima vez.


20.7.10

BALAS SOFT

Sabem daquelas balas? Coloridas da infância? Transparentes? Perigosas? Fáceis de se engasgar com elas? Pois bem. São balas gays. Porra, eu sei. Agora eu sei. Fiquei sabendo depois que li o romance do Joca. O Terron, o Reiners. Ficou em mim essa imagem. Essa luz. Depois de lido este seu Do Fundo do Poço se Vê a Lua (publicado pela Companhia das Letras). Meu Deus! Joca é escritor para fora. Externo. Desenha como ninguém. O deserto. As caras e bocas dos personagens. Alfineta, exagera. Ironiza. Inaugura-se com ele uma geografia. Arriscada. É um grande romance o do Joca. Que eu terminei de ler. No susto. Demorei porque, confesso. Estava com medo. De não gostar. Larguei várias vezes o volume. Para pensar. No relato transsexual. Do amigo. Carrancudo. Onde ele quer chegar? Joca não quer chegar. Os parágrafos vão caminhando. Soltando areia nos olhos. Do leitor. Nostálgico. Sim. É uma história cheia de nostalgia. E de poesia. Lembro: faz tempo que conheço o Joca. Pelos idos do ano 2000. No mesmo café em que conheci o Nelson de Oliveira, o Fernando Bonassi, o Marçal Aquino... Aliás, acho que foi o Aquino quem levou lá. O poeta que era editor. Joca causou estrago com o seu selo Ciência do Acidente. Estrago, explico: revolucionário. Quantos títulos bons! E fora do eixo. Recordo: do cabra nas feiras de livro. Vendendo autores como Glauco Mattoso, Karam, Ana Elisa Ribeiro. Porra! Muita história. Vem assim, no meu juízo. Acompanho com entusiasmo a trajetória do Joca. Que escreveu, na minha opinião, um livro de contos irretocável, o Curva de Rio Sujo. Ali, quando a memória faz bem à obra. A infância no Mato Grosso. Os índios e o Rio Apa. Falo para ele: desse mergulho que ele deu. No coração das selvas. E das trevas. Agora, elas, um arco-íris. Uma lua, à vista. Soft e sofrida. E mais não digO. Corram para conferir o livro. E feliz por ter voltado a escrever aqui. Deixo a todos um beijo no umbigO. Fui.


5.7.10

SURDO MUNDO

É este o título do ótimo livro do escritor inglês David Lodge que resenhei para a Folha de S. Paulo no sábado passado. O fato é que o texto não foi publicado na íntegra. Até compreendo. Muitas vezes, por pressão e pressa, o jornalista tem de cortar algumas linhas (mesmo que o texto tenha sido enviado no tamanho que pediram). E acaba truncando o ritmo, algumas frases e sentidos. Fazer o quê? Na verdade, só ainda não entendi por que o jornal resolveu corrigir, para o erro, o nome do romance, que na matéria saiu como sendo: Surdo e Mudo. Pode? Ave nossa! Por isto, segue a resenha completa logo ABAIXO. No mais, rezemos ao Senhor. E beijos no umbigO e aquelabraço. Fui.


PALAVRA POR PALAVRA


– Quem?, eu perguntei.

– Lodge.

– Jim Dodge?

– Não, David Lodge.

Confusão na audição. Ao telefone. Não. Não era o autor de "Fup". Eu fui convidado para escrever aqui, na Folha, sobre o autor de "A Arte da Ficção" – esse, o único livro (mesmo assim, de ensaios) que li deste premiado e propagado ficcionista inglês nascido em 1935.

– Lodge acaba de lançar, pela L&PM, o romance "Surdo Mundo".

– "Surdo Mudo"?

– Não, eu disse "Surdo Mundo".

Entendido. Esperei o livro bater à minha porta.

– É a história de um professor aposentado e a sua luta contra a velhice e a surdez.

Oba! Quase gritei. Gosto de aventuras decrépitas. Desventuras patéticas e caducas. O próprio "Fup", do americano Dodge, nos conta do desbocado Vovô Jack. E a sua pata de estimação. Lembrei-me, até, do pobre pescador de "O Velho e o Mar", de Ernest Hemingway. E de mais uma infinita galeria de personagens à flor da terceira idade.

Ave! Uma horinha depois da conversa acima, o livro chegou. Um calhamaço de mais de 300 páginas. E que eu li de uma arrancada só, para o meu espanto. Divertidíssimo, irônico, inventivo. Um tratado – tão bem composto por David Lodge e minuciosamente, palavra por palavra, traduzido por Guilherme da Silva Braga – sobre a deficiência auditiva e outras deficiências à vista. Quando chega o cansaço. E o tempo impiedoso. Principalmente para quem precisa, repetidas vezes, da paciência dos outros.

– O quê? O que você falou?

Hilárias e comoventes são as trapalhadas do protagonista Desmond Bates, o tal professor. De linguística. Que reclama, em alto e bom som: "nós, surdos, não temos nenhum sinal visível que desperte a compaixão alheia. Nossos aparelhos auditivos são quase invisíveis e não temos nenhum animal adorável para cuidar de nós".

No caso de Bates, eis que aparece Alex, uma problemática e gostosa aluna, toda-ouvidos, que o convida para orientá-la em um doutorado. A saber: "uma análise estilística de bilhetes de suicidas".

– Como? Não entendi.

Não dá para explicar. Nem para resumir. O tanto de mal-entendidos que percorre a vida do coitado do velho – refém da sorte e a caminho da morte. Os ruídos na comunicação, os diálogos que não dialogam. A falência múltipla de órgãos. Sistemas e pilhas. Ecos de um mundo assim, digamos, cada vez mais doente. E individualista. Quem escuta quem hoje em dia?

– Quem? Hein? Me diga.


4.7.10

VIVA PIVA SEMPRE!

Domingo, dia improvável, digO: dificilmente escrevo aqui, no blOgue. Mas hoje vale. Porque morre um poeta da grandeza do Roberto Piva. E porque o seu amigo, de longa data e batalha, o igualmente grande Glauco Mattoso, acaba de divulgar um soneto seu em homenagem ao autor de Paranóia. Segue ABAIXO. E, sem mais palavras, volto mais tarde. Descanse com os anjos, Piva. E sempiternamente grato por sua arte. Fui.


COMMUNICADO À COMMUNIDADE

Julho/2010 - No dia 3, por occasião da morte de Roberto Piva, GM divulgou o seguinte soneto polystrophico, composto duas semanas antes, quando o poeta, hospitalizado, perdia a consciencia. Não percamos a nossa quanto à sua importancia e quanto à falta que fará, sobretudo, como amigo.


PROFANO PROPHETA [soneto 3390]

Esperma de palavra se deriva
em fertil mente e em lyra creativa.

Semantica ou syntaxe, só, não basta
nem são imprescindiveis metro e rima
si a escripta surprehende e a penna é vasta.

Conheço um tal poeta e nelle vejo
de olympicas metropoles o exgotto,
o gozo azul de impubere garoto,
o samba em harpa e o rock em realejo.

É magico e sublime o pederasta
que do maldicto mytho se approxima
e do castiço canone se afasta.

No orgasmo oral dos jovens está viva
a chamma que deixou Roberto Piva.


29.6.10

O GRANDE GUZIK

Confesso. Fiquei protelando. Adiando. Não gosto de ver amigos no hospital. Lutando ali, contra os fios. Todos os meus irmãos viram. A briga do meu pai. Os últimos minutos da minha mãe. Eu não. Sempre chego atrasado. Parece que sou poupado. Não sei. Da dor real. Por um triz. Teimando contra as máquinas. E eu pensava: hoje vou visitar o Guzik. Não fui. Não quis. Sabia notícias, perguntava. Mandava recados. E abraços. Rezava, do meu jeito. Torcendo que esta merda de ano acabe de uma vez. Para que não acabe comigo. Por mais que eu diga, não direi. Do meu espanto. A cada recado fúnebre que 2010 tem nos trazido. Esse castigo da saudade. Pondo à prova a nossa crença. Tanta gente boa indo embora. Pegando a estrada. Essa ausência que dá. Essa demência no peito. Alberto Guzik era um grande sujeito. Talentoso, teimoso. Sobretudo, corajoso. Não foi à toa: que até o último segundo, teve forças. De guerreiro. Lembro: quando deixou a carreira vitoriosa de crítico. Para voltar a atuar. Do zero. Estive por perto. Conferi seu retorno aos palcos. Feliz. Realizado. O tanto que ele fez pelo teatro. Solo ou acompanhado. Vi todos os seus trabalhos, salvo engano. E também conferi, com interesse, a sua produção literária. Por exemplo, o seu livro de contos O Que É Ser Rio, E Correr? Belo, belo. Sincero. Eu falava para ele, sempre que podia: de alguns clássicos homoeróticos que ele havia escrito. Em casa, tenho cópia do seu novo livro, Estátua de Sal. Para o qual ele havia me convidado para fazer a orelha. E ao Gerald Thomas, o prefácio. Na última vez em que eu o vi. Comentei do romance. De uma beleza melancólica. Uma história de amor à arte. A trajetória de uma vigorosa companhia de teatro. Algo autobiográfico. Um tratato sobre a união. A paixão por um ofício. Nas linhas do livro, a verdade com que devemos enfrentar a vida. E a morte. Guzik foi assim. Até o fim. Um nobre. De cabeça erguida. Mergulhava. Com que entusiasmo me falava de seus projetos! Com que verdade me apresentava a amigos queridos. Foi ele, a saber, quem primeiro me contou do Sérgio Roveri. "Vocês dois são muito parecidos". Na fala e na cor dos personagens. De fato. Guzik também dirigiu textos meus. Faz tempo. Ao meu lado, torcendo. Vivamente. Essa imagem a que eu quero levar. Do artista que ele era. Em movimento. Sem sofrimento. O seu amor. E o seu grande exemplo.


22.6.10

DOIS IRMÃOS, DOIS POETAS

Um eu conheci no ano 2000. Lembro: já tinha olho de poeta. Jeito destrambelhado. Alma aérea e firme. E, sobretudo, humor. Amor. Ave! Falo do irmão Carpinejar. Coleciono tantas histórias com ele. Tantas mesas (de palestra e cerveja) que dividimos. Telefonemas. Trocamos muitas linhas. Quando eu estou em casa e ele me telefona. Corro para a pia. Para lavar um prato. Mania. De deixar escorrer. De limpar. De oxigenar. Esse primeiro poeta é assim: o que é. Uma das figuras mais generosas que conheço. Idem na poesia. Devota-se ao leitor. Arrisca-se em abismos. Altos. Para trazer de lá uma palavra. Uma flor. Ora. O outro eu conheci em 2004, por aí. Também em Porto Alegre. Jovem, veio à minha primeira oficina. Mostrou uns versos. Românticos. Quando não é alguém se beijando, é alguém se matando. Depois, nos reencontramos em festas. Gaúchas. Bom de copo o cabra! E fazia tempo que dizia que estrearia e nunca estreava. Agora estreou. Nome do livro: Os Dentes da Delicadeza. Editora: Não Editora. O autor: Everton Behenck. Veio para ficar. Assim como já está o Carpinejar. Há tempo, na estrada. Ambos têm a mesma pegada. Poesia simples. Derramada na medida certa. Desmedida e sincera. Uma voz em festa. Sei lá. Não é à toa que quem assina a orelha do livro do Behenck é o Carpinejar. Que reconhece no amigo a grandeza do Vinícius. Sem exagero. Everton chega certeiro. No seu ritmo conquistador. Nos seus cortes. Como quem polda. Uma rosa ou uma ferida. Com uma tesoura só. Rara e afiada. Que maravilha de palavra! A desses dois queridos amigos e irmãos. O meu beijo no coração. E fui. Não sem antes avisar, atenção: nesta quinta à noite, no b_arco, Carpinejar lançará mais um volume de crônicas, o Mulher Perdigueira. Todos lá. E ah! Abaixo, leia um dos poemas do livro do Everton. E valeu e fui e salve, salve, amém e saravá!


Deve haver
Algo de doce

Nessa tortura
Íntima

Que imponho

Ao passo
Fraturado

Deve existir
Algo de tênue

Nos cacos pontiagudos
Do sono ausente

Deve haver
Algo de sereno

Na taquicardia
Na ironia de ter sobrevivido

À minha vontade
De nunca ter sido

Deve haver
Algo de infinito

Nos ensaios de suicídio


8.6.10

TESTAMENTO

"Você nasceu rodeado de professoras", dizia minha mãe. Elas que me deram o nome de Marcelino. Meu nome seria Marcelo. Mas aí o filme Marcelino Pão e Vinho fez muito sucesso. E as professoras gostaram. E a minha mãe fez a vontade das professoras. "Esse menino vai ser professor quando crescer", dizia ela. E me educou a ler. O mundo. Minha mãe era a minha voz. O meu sotaque. O meu amor maior. E, de Sertânia, ela nos levou a Paulo Afonso, na Bahia. E depois ao Recife. Os nove filhos. "É preciso estudar para ser gente". Grande, grande. De pequeno, eu já gostava de viver escrevendo. E escrevia as cartas da casa, os cartões de Natal. "Não disse que ele vai ser professor?". E fui fazendo teatro, inventando peças. E a minha mãe ali, acompanhando meus primeiros passos. Sempre orgulhosa. Das notas que eu tirava. Dos livros que criava. Das reportagens no jornal. Guardou todas elas, as reportagens. Ai de mim se não a avisasse quando saía uma matéria. Ela mandava comprar. Erguia o jornal aos céus. E agradecia. Ela era a minha alegria. Aquele entusiasmo no coração dela. "Criei todos os meus filhos com muita reza e sacrifício". Ver todo mundo crescido, solto na estrada. Na semana retrasada, em palestra ao lado do poeta Sérgio Vaz no CCBB de São Paulo, me perguntaram: qual a maior felicidade, assim, que a literatura me dava. Essa, respondi: a de ver os olhos da minha mãe. Brilharem. "Professor é igual a escritor", defendia. Pedi para meu sobrinho comprar o Jornal do Commercio do dia 25 de maio. Coincidentemente, havia saído uma reportagem. Ave! "Leve para ela ver, no hospital". Minha mãe estava internada. E eu sabia que a literatura a deixaria menos doente. E deixou. Soube: ela, revigorada, levantava da cama, mostrava minha foto às enfermeiras. "Veja, é meu filho". Ao meu lado, participando do mesmo evento e à mesma página, estava uma foto do escritor Ronaldo Correia de Brito. Também doutor. Ele, Ronaldo que, inclusive, cuidou dela. Junto ao meu primo Wilson Freire, também escritor e também médico - aos dois e a toda equipe, meu agradecimento. Voltemos: mostrava ela a nossa foto, a minha e a do Ronaldo. Elétrica. E abria um sorriso. E compartilhava o tesouro com pacientes, familiares, quem chegasse. "Nasceu rodeado de professoras". Ensinava ela. Minha querida. Minha luz eterna. Que descansou, enfim. No dia 30 de maio, ela foi embora. Feliz. Se o meu ofício nasceu, assim, para dar esse orgulho à grande guerreira que ela foi, morrerei satisfeito. Um dia, a gente se reencontra. Fico eu com essa gratidão no peito. Essa saudade infinita. Para ela, sempre, todas as minhas palavras. As que escrevi e as que ainda não estão escritas. A minha vida.


Em tempo: agradeço publicamente a todos que enviaram mensagens para mim via celular, via e-mail, etc. e tal. Um beijo no coração de cada um. E continuemos juntos. E fui e tchau.


25.5.10

DOU-LHE UMA

Obra, isso. Original. Explico: hoje à noite no Recife, no Espaço Muda, à Rua do Lima, 280, acontecerá o 2º Leilão de Originais e Manuscritos de Escritores em Pernambuco e eta danado e saravá! Explico: o pessoal que organiza a FreePorto leiloará manuscritos doados e, com a verba, vão fazendo a festa literária deles em dezembro. Para o evento, por exemplo, eu doei a última prova do meu livro de contos Angu de Sangue, que fez este ano uma década e oh e vamos que vamos. Junto ao Angu, doei uma prova de uma das fotos de Jobalo, feitas para o livro. Se você não sabe do que eu estou falando, clique no linque do Angu de Sangue, à esquerda desta tela, enfim, assado. Também doou para o leilão o escritor Ronaldo Correia de Brito. Quem der o maior lance levará o primeiro esboço do seu premiado romance Galiléia, que, àquela época, ainda se chamava Davi Entre as Feras. E ainda: o poeta Nicolas Behr mandou original idem. O do seu Laranja Seleta. Que maravilha! E aproveito para avisar. A saber: aqui por São Paulo, daqui a pouco, às 19h30, no CCBB, participarei de um bate-papo com o querido poeta e amigo Sérgio Vaz, mediado por Manuel da Costa Pinto. Antes, às 18 horas, haverá uma edição especial, no mesmo local, do Sarau da Cooperifa. E é isto. E mais não digO. Depois eu conto sobre a Escola Livre de Teatro de Santo André, conforme prometido. Deixa eu correr. E aquelabraço a todos e beijos no umbigO e té.


24.5.10

NOSSA HUMANIDADE

O toca-discos girando. Tudo em volta. De volta, enfim. Fui lá assistir, sábado, ao encontro de feras-dinossauros. Explico: a peça escrita e dirigida pelo Bortolotto. Ele mesmo, no palco. Ao lado dos amigos. E um toca-discos lá, à beira da cena, rodando muita memória. No meu juízo. Ter visto o Mário outra vez fazendo o que ele mais gosta. Depois do que passou. A vida, ali, parecia um gesto milagroso. Num tempo em que nos arrancam, um por um, o bem mais valioso. A amizade, essas coisas. Artistas bons. Porra! Uma verdadeira celebração. O teatro simples que o Mário faz. Sem delongas, sem firulas. Reúne a turma e mãos à obra. A saber: na montagem estão Lourenço Mutarelli, Paulo de Tharso [o Picanha], Carlos Carah, Eldo... E atrizes poderosas como Cacá, Helena, Paula, Wanessa, etc. Ave, ave! Um resumo da Música: quarentões tontões trocam dedos de prosa. Pagam putas para ouvir. E a gente ouve. Frases sobre um amor que acabou, do tipo: "espero que ela não volte. Não saberei o que fazer com ela se ela voltar". E o toca-discos sempre lá, no seu lugar. Pulsando, melancólico. E também um piano, do outro lado. Para o canto feito ao vivo. Acusticamente. Picanha, por exemplo. Solta o peito. Quem, por acaso, tratou de escrever a sério sobre esse ator - revelado pelo Mário, como tantos que ele tem fisgado? O tempo para a comédia do Picanha, a espontaneidade... Caralho! O desamparo com que ele nos invade. Loas idem ao Lourenço. No seu olhar bobo-bobeira. E o silêncio do personagem do Mário. Encalacrando a gente. Os diálogos na agulha. Afiados. Puta que pariu! Repito. Por que os críticos-bundões não enxergam? A sinceridade com que o Bortolotto vem levando a sua obra. Sempiternamente. E a alegria com que brinda aos amigos. A vida ali. De volta. Nesse nosso toca-e-não-toca. Desde a mais antiga história. Da humanidade. Dinossauros, avante. E ave! Valeu pelo presente. E mais não digO. Aquelabraço e beijos no umbigO. Fui.

Em tempo: ontem, domingo, fui ver a peça Popol Vuh, dirigida por Rogério Toscano e com os alunos da Escola Livre de Teatro. Amanhã falo sobre a emoção que foi. E idem sobre a emoção de ter eu virado autor-personagem de uma HQ criada pelo Gabriel Bá. Puta que pariu! Eta danado! Clique aqui em cima para ver. Que beleza! Depois dou mais detalhes. Até amanhã, terça. Fui de novo. E aquelabraço.


21.5.10

GELEIA GERAL

A velhinha falou: "mocotó". Ouvi. Falou: "geleia de mocotó". Quando passei, não sei, pelo Pão de Açúcar. Lembrei, pois, da minha mãe. Eu, tão fraquinho. "Esta geleia de mocotó é só para o Marcelino". Reservava sempre uma quantia. Para o filho doente. Cenoura, maçã. Para ele crescer um homem forte. Amanhã e sempre. "Hoje tudo tão mudado". Diz uma outra velha. A mais sapeca entende de códigos. A barra que é envelhecer. Saudades do marido, quem sabe? A outra nem quer saber. "O traste me deu trabalho até na hora de morrer". O tráfego dos carrinhos. No ziguezague. Quanta coisa boa! Nas prateleiras. Recordo: meu olho passeando nos chocolates. "É caro". No sorvete. "Só quando você fizer aniversário". Uns cem anos. Quase. A impressão é que as velhinhas morrerão ali. Enfileiradas. Sentadinhas, tadinhas, no banco do supermercado. O que esperam? Em silêncio, às vezes. Branquinhas. Quem, hein, menina, as levará para casa? Produto, assim, vencido? Eu tinha de ler para a minha mãe não correr risco. "Veja, filho, o prazo". O preço alto que pagamos. Diariamente. "Menino inteligente". Geleia de mocotó nele. "Para ser gente". A velha falou algo como: "futuro". Antes que tudo apodreça, em promoção. "Aperta para ver se está maduro".

Em tempo: que pôste mais maluco esse aí de cima. Sei não. Melhor eu aproveitar para anunciar: amanhã, sábado, acontece mais um encontro do projeto Letra e Voz, comandado por Ademir Assunção. No palco da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, às 18h30, com entrada franca, Antonio Nóbrega e Bráulio Tavares. No dia 19 de junho, no mesmo projeto, estaremos eu e o Lirinha. Para saber mais, clique aqui em cima. E mais não digO. E bom final de semana e beijos no umbigO. Fui. Ali, comprar uma lata de sardinha. Té.


19.5.10

HOSPITAL NO CENTRO

Estávamos eu e o Chico César. Há uns três anos, em um evento no b_arco. Quando vimos a atriz Naruna Costa. Soltando a voz. Putz! Porra! Numa interpretação furiosa da música Beradêro do Chico. Fomos nós dois falar com a Naruna. E ali conhecemos o grupo Clariô, de Taboão. Dei a eles um exemplar do meu Contos Negreiros. Depois, recebi um telefonema. Eles iam levar meus textos à cena. Do sobrado em Taboão, construíram uma favelona. Vielas e quartos onde habitaram meus personagens. A direção de Mario Pazini. E só mulheres no elenco. São sete ao todo. Lembro de minha emoção. Quando me disseram: "vamos ficar um ano em cartaz, custe o que custar". Há muitas cenas ao ar livre. Quando chove, enche de enchente. Quantas vezes o grupo teve de recolher as roupas. E cancelar a apresentação. No dia em que o Chico foi ver, não viu. O toró caiu. Puta que pariu! O título da peça é Hospital da Gente. Extraído exatamente da Beradêro do Chico. Pois bem: o tempo (ou seria temporal?) passou. E a peça já ganhou vários prêmios. Volta, de vez em quando, em temporada. Já viajou para o Rio de Janeiro, já foi contemplada com o prêmio Myriam Muniz, recebeu o ProAc, circulou por vários cantos da periferia de São Paulo, enfim, assado. E a partir de amanhã, patrocinados pela Caixa, eles estarão de graça na Caixa Cultural, sempre de quinta a domingo, às 19h30, até o dia 30 de maio. Uma vitória. Bem sei. A luta dessa trupe talentosa. Não canso de agradecer. A luz que eles me deram. Sempiternamente. Mais sucesso, queridos, sucesso! São Vozes de faca cortando / Como o riso da serpente / São sons de sins, não contudo / Pé quebrado verso mudo / Grito no hospital da gente. E tenho ditO. Para saber mais, clique aqui em cima. E beijos no umbigO. Fui.


18.5.10

MARCOS CESANA

Deve ter sido assim. Quando Oscarito morreu. Quando Grande Otelo desapareceu. Chaplin no fim da estrada. Estrela em qualquer praça. Cheia de graça. Deve ter sido assim. Não sei. A fria marmelada. O circo baixando a lona. No interior do Brasil. Quanda a gente era criança. Desse jeito: o cinema mudo. Como um letreiro que sobe. Ainda no escuro. Um filme inesquecível. Que vem morar na memória. Quando a cortina se fecha. O fim daquela peça. Deve ter sido assim: em qualquer época. Onde esses artistas aparecem. E abrem o nosso sorriso. Alegram o nosso espírito. Chegam para arrancar. Do nosso lugar um brilho. Trazem sempre um repertório festivo. Uma piada afiada. Um causo pronto. E vão embora. Sem avisar. Deve ter sido assim: o que sempre fica de lição. Uma farra no coração. Para a gente lembrar. Valeu, cabra! E a gente se encontra. Numa próxima noitada.


17.5.10

EU, AUTOR

Estive, há alguns dias, em Paraisópolis. Para uma palestra na semana das bibliotecas de lá. Sim, existem três no pedaço. Fui convidado e fui. E o papo foi um barato. E me lembro que já gravei uma leitura naquela favela. Para um especial da TV Cultura. Subi na laje e li trechos de Os Sertões de Euclides da Cunha. Enfim, assado. Mas o que eu quero contar mesmo é sobre o Estevão. Levaram-me ao calabouço que ele ergueu. O labirinto de azulejos, pratos, santos, relógios. Já ouviu falar do artista? Sua casa já foi notícia pelo mundo. Explico: o baiano chegou em Paraisópolis e, do seu sobrado, faz 25 anos, foi erguendo um castelo de cores derramadas. Feito Gaudí, o catalão, sem nunca ter ouvido falar em Gaudí. Ave! Estevão Conceição criou o seu casulo. Com escadas, jardins suspensos, vista panorâmica para os barracos. Até hoje, ele sai recolhendo e comprando objetos pela cidade. E segue, dia a dia, colando cacos de um mundo novo. Apocalíptico. Um organismo vivo. Emocionante de ver e maravilha! E aí eu aproveito para saber. E você, que quer ser escritor, por exemplo, já escolheu a sua obsessão? O ritmo de seus parágrafos? O tempo de seu tempo? Em que quebrada a sua voz se quebra? Palavra, é bom lembrar, é sobretudo pedra. Inaugural, filosofal. E a sua cara, já pensou nela? Estive, na quarta passada, conversando sobre isto com o poeta Carpinejar. Contos escritos, romance terminado, livro no fim, e aí? Já pensou qual será, assim, a sua assinatura? Com que pés fincará suas unhas na literatura? É preciso criar o texto. E o sangue do autor, sem medo. Com fé e confiança. Sem receio, entende? Repito: obcecadamente. Feito o Estevão fez. No centro nervoso de Paraisópolis. O seu sonho majestoso. Eta danado! Como estou, hoje, de alma profunda. Depois tem mais. Isto é só o começo. Aquelabraço gostoso e beijos na bunda. Fui e beijos.


13.5.10

DE PORTAL ABERTO

Lembro, faz tempo. Foi a querida jornalista e amiga Cristiane Costa quem me convidou para entrar no Portal, o Literal. Para falar de novos escribas. Gente que estivesse chegando. Aí bolei a coluna De Olho Neles. Eu, abrindo os olhos. Os parágrafos. Rimando e conversando com jovens autores. Passaram por lá, alguns em primeira mão, nomes como os de Chico Mattoso (inaugurei a página com ele), André Laurentino, Andréa Del Fuego, Cardoso, Douglas Diegues, Emílio Fraia e Vanessa Bárbara (a primeira vez em que falaram sobre o romance que escreveram a quatro mãos), João Filho, Artur Rogério e Cristhiano Aguiar e tanta gente boa que eu vou acabar esquecendo. Não vou parar para checar. Deixa estar. A verdade é que eu me divirtia. Conversando, abrindo o Portal para tantos talentos. Eta danado! Hoje, por minhas oficinas idem têm passado textos primorosos. Autores de quem a gente ainda vai ouvir muito falar, eu aposto. Será que eles apostam? Fico na torcida. Sempre levanto a vista para a geração que chega. Rarará. Parece que estou ficando velho. Falando assim, sei lá. Gagá. Mas o tempo passa e passará. Tudo aqui, assim, agora, só para falar que o Portal voltou a me convidar. Para fazer parte do seu elenco de escritores. Que terão um linque permanente. No Portal, aberto para quem quiser entrar. Porra! Orgulhoso que estou. Nossa! Aproveito, inclusive, para não perder o costume e falar. De um novato autor que ontem me entregou o livro que ele mesmo publicou. Contos gingados, bem-humorados. Na espinha. Título: Gilete na Mão do Macaco. Caralho! Li ligeirinho. E promete mete. Nome: Walner Danziger. O cara escreve também para teatro. Fique de olho nele. Fique ligado. E vamos que vamos. E aquelabraço. E té já. Não sem antes avisar que voltei a toda lá no Twitter. Onde passarei a postar minhas rapidinhas. Lembra? Que aqui perderam espaço. E uns microcontos inéditos, é claro. E é isto. E abração agradecido para os amigos do Portal. E valeu e fui e beijos no umbigO e té e tchau!


10.5.10

EU NA LAVANDERIA

- Grande escritor!
- Obrigado.
- É um prazer.
- Obrigado, obrigado.
- Grande escritor, grande escritor!
- Obrigado.
- Você vem sempre aqui?
- Sim, moro aqui do lado.
- Está sem empregada?
- Não tenho empregada.
- Não tem empregada?
- Não.
- E quem cuida da criança?
- Hã?
- Da roupa da criança?
- Hã?
- Vi você no Festival da Mantiqueira.
- Sim.
- O menino deve estar grande, não?
- O menino?
- Sim, Milton, seu filho.
- Milton, meu filho?
- Você é Hatoum, não é?
- Hatoum?
- Sim, Milton Hatoum?
- Eu sou.
- Então... Seu filho é uma graça!
- Obrigado, obrigado.
- Deve ter muita roupa suja aí, não?
- Muita. Criança, você sabe, é aquela bagunça.
- Li todos os seus livros.
- Obrigado.
- Grande escritor, grande escritor!
- Muito obrigado.
- Você mora onde aqui na Vila?
- Na Rua Purpurina.
- Bonito o nome da rua, não é?
- Bonito, sim.
- Todos os nomes da Vila, bonitos, não?
- Sim, sim.
- Quem sabe um dia Purpurina não vire Milton Hatoum?
- Que é isso?
- Claro...
- Gosto do nome Purpurina.
- Eu também, mas...
- Sem contar que mora um outro escritor na mesma rua.
- É?
- E ia ficar chato, entende?
- Entendo.
- Marcelino Freire, conhece?
- Marcelino?
- Marcelino Freire.
- Assim, de cabeça, não lembro.
- Um meio careca, de cabelos brancos, encaracolados...
- Ah! Sei, sim, um senhor.
- Mais velho do que eu.
- Acho que já trombei com ele por aqui.
- Grande escritor, grande escritor!


4.5.10

EU & OS MICROCONTOS EM BH

Escrevo aqui direto de Belo Horizonte. Viagem rápida. Vim para falar, na PUC Minas, sobre microcontos e coisas outras. Eta porra! Minha ligação com essas micronarrativas vem oficialmente, digamos, desde o ano de 2002. Quando bolei o projeto Coleção 5 Minutinhos (saiba mais sobre ela em linque à esquerda). Porém adianto. Ou seja: uma coleção de dez livrinhos, distribuídos gratuitamente, em que cada autor tinha 30 segundos, supostamente, para dar o seu recado. Explico: por exemplo, Fernando Bonassi, à época, foi convidado para escrever uma micropeça para o projeto. Tudo para ser lido no vupt, vapt. Muito antes de o Twitter chegar. Nelson de Oliveira participou idem. Fazendo um microrromance. Em microcapítulos e saravá! Participaram ainda Carpinejar, João Gilberto Noll, Manoel de Barros, etc. Depois, fiz a versão infantil em 2003. Com microtextos de Ignácio de Loyola Brandão, Laerte, Luis Fernando Verissimo, entre outros e tenho ditO. Como a vida passa. Ligeirinha, Meu Cristo! Aí em 2004, por fim, idealizei, como continuação dessa diversão, a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, publicada pela Ateliê Editorial e reunindo cem micronarrativas inéditas, em que cada escritor tinha até 50 letras para contar o seu conto e ave nossa e fomos que fomos. Em primeira mão, adianto: no momento, estou na preparação de uma microantologia internacional. Mas sobre ela depois dou mais detalhes. Falarei sobre isto e outros istos hoje, repito, na PUC Minas e eta danado! Como gosto de Belo Horizonte, enfim, assado. Onde voltarei para Bienal do Livro ainda este mês. Fique ligado. E mais não digO. Meu microabração e valeu e beijos no umbigO. Fui.


27.4.10

ALGUÉM PARA AMAR NO FIM DE SEMANA

Como bem falei aqui, passei parte do fim de semana em Porto Alegre. Mas não amei ninguém. Pelo menos explicitamente. Esse aí em cima é o título do volume de contos que o amigo Luiz Roberto Guedes lançará amanhã, quarta à noite, na Livraria da Vila da Lorena. Lembro-me. Guedes foi, do nosso grupo de amigos, quem eu primeiro conheci. Bem antes. No SESC Pompeia, no ano de 1998. Meu livro eraOdito havia virado vídeo e estava na Seleção Oficial do Festival do Minuto. Aproveitei a exibição para levar alguns livros e distribuí-los gratuitamente. A edição era independente. Depois é que uma nova tiragem, em 2002, foi feita pela Ateliê Editorial. Àquela época, eu tinha muitos exemplares em casa. E saía distribuindo em livrarias. Vendendo e fazendo o livro circular por aí, enfim, assado, assim. Virou best seller na famosa (e já extinta) livraria Belas Artes da Paulista. Não faz muito tempo, José Luiz Goldfarb (dono da Belas Artes) contou em público. Que eu e Paulo Coelho, juro, começamos do mesmo jeito. Procuramos por ele para vender a nossa obra. E vendemos muito bem, ora, ora. Pois é. Coelho ficou milionário. E eu? Melhor nem pensar. Estava, na verdade, falando do Guedes. Sim, lá no SESC ele veio me falar. Com sua voz portentosa e saravá! Que havia gostado do filminho e do livrinho. Que queria manter contato, trocar umas figuras. E bebemos umas. Uma turma toda, àquele mesmo dia, partiu para um bar. E enchemos a cara. Recordo, idem, quando o Guedes ouviu de mim o nome do livro que eu preparava para lançar mais à frente, ainda sem editora: o Angu de Sangue. E Guedes gostava do nome. E queria saber mais de Sertânia. E trocamos e-mails. E continuamos em contato via internet. Guedes leu, em primeira mão, as minhas narrativas "sertanejas" e ave! "Aperreadas", como ele mesmo me falava e maravilha! Depois, foi ele idem quem me apresentou pessoalmente ao Glauco Mattoso. Quem me pôs em contato com o Cláudio Daniel. Quem me presentou com livros do Marçal, do Joca. Grande figura o Guedes! Que também é poeta, tradutor... E astrólogo nas horas vagas. Mas essa história fica para uma outra hora. O que importa é repetir (e saudar) aqui o novo livro do velho amigo, saído pelas mãos de um outro amigo, o Vanderley Mendonça (que acaba de inaugurar a [e] Editorial). E vamos que vamos. E mais não digO. Aquelabraço e beijos no umbigO, etc. e tal. Fui.


22.4.10

A VULVA D'OURO

É o seguinte: começou na terça passada e vai até este domingo mais uma edição da FestiPoa - a Festa Literária de Porto Alegre e beleza! Eu participarei de uma mesa exatamente às 18 horas do domingo na Palavraria. Será um bate-papo entre mim e Amilcar Bettega Barbosa, sob a mediação do querido Altair Martins e maravilha! Fico eu todo orgulhoso. Da mesa. E da festa. Mando, daqui de Sampa, um abraço ao grande camarada Fernando Ramos, que toca a toda e com garra o superevento que reúne debates, shows, saraus, cervejas e bora embora e vamos que vamos. Confiram a programação completa clicando aqui em cima. Antes, amanhã, sexta, no Rodas da Escrita, projeto que acontece às 20 horas no Teatro Brincante, a conversa será com Nelson de Oliveira. Estarei lá, digamos, para puxar o papo. E, depois, neste sábado, às 17h30, na recém-inaugurada Biblioteca São Paulo (que fica coladinha à estação Carandiru do metrô), estaremos eu e o Fabrício Corsaletti. Os dois falando de nossos livros e lendo coisas, publicadas e ainda inéditas e tenho ditO. E mais não digO. Ave. Que pena! Hoje, na verdade, eu também gostaria de contar a história da vulva d'ouro que tem atacado jovens escritores na Vila Madalena. Mas deixarei, é claro, esse causo para um próximo capítulo. Aquelabraço gostoso e até a próxima semana e beijos no umbigO. Fui.


16.4.10

OS ORIGINAIS

Não é o seu caso, querido. Estou falando daquele cara mala que manda e-mail pedindo para a gente ler seu calhamaço. Inédito, coitado! Valoriza o anonimato, diz que está esquecido. Nos cafundós. Para a gente sentir dó. Aí manda o original. E aí depois manda vários outros e-mails. Cobrando: já leu, já viu? Como não teve tempo? Segue os nossos passos, para onde a gente viaja. E no avião, meu irmão? Não dá para dar uma olhada? Há aqueles que ficam plantados no bar que a gente bebe. À porta do nosso prédio. Um livro de poemas, um romance completo. Rapidinho de ler. E, quando a gente vê, ele nos encara. De longe. E pensa alto, para todo mundo ouvir. Todo escritor é assim. Diz que está com a agenda lotada e a vida dele é esta, enchendo a cara na boquinha da garrafa. Que merda! Que desgraça! Mas repito, querido. Você é diferente. Vive no seu canto, entende o meu espírito. Eu também sofro umas tristezas de vez em quando. Tranco-me para reler Bandeira. Rascunhar besteiras. Também faço sexo, assisto TV. Tenho amigos aos montes. E uma família grande. Para quem mando um dinheirinho mensal. Cachê de palestras e oficinas, etc. e tal. Curadorias em eventos. Para os quais você nunca me convida. Hein? Eu, o melhor prosador da praça. Doido para entrar na panelinha. O que devo fazer? E tem os que mandam currículos. Do tipo: Saramago gostou de mim. Ganhei prêmios municipais. Nacionais. Saí nos jornais. Ora, ora. Seu covarde! Seu bundão! Se todos amam o que eu escrevo, você, seu filho da puta, é que não tem coração. Um olharzinho de nada. Lá em casa, uma pilha de originais. Sempre chega novidade pelos correios. Pedidos de socorro! Confesso. Muitas vezes eu mesmo peço. Manda. E a vida solavanca. Corre, atropelada. Confiro alguns capítulos, guardo o autor no juízo. Para, um dia, falar com ele. Sem pressa. Mas não tem essa. O mundo acabando, terromoto na China. Se você não me der um retorno, por Deus. O que será de mim? Nesse breu? À margem, no fim? Quanta falta de paciência! Quanta falta de noção! De ambas as partes, creio. Se já fiz (e faço) por muitos, outros me odeiam. Na surdina. Mas sei, querido, náo é o seu caso. Você tem os olhos tão bonitos! Eu estou livre. O que você vai fazer na noite deste sábado?


13.4.10

NEM TODO FILHO É DANIEL

Na semana passada fui ver o filme Os Famosos e Os Duendes da Morte. Na sala, apenas eu. Sim, sozinho. O único espectador, juro. Pois é. Rodeado de almas (ou seriam duendes?). Felizmente, não as almas do Chico Xavier. É de lascar! Ter de aguentar essa agora. Que o cinema nacional tem de ressuscitar. Acordar. Seguir o exemplo do Daniel Filho. Filmes de sucesso, multidão na bilheteria. Putz-grila! Estava eu, quieto. Em silêncio. Presenciando o arrebatador nascimento de um cineasta de talento. Um novo olhar. Nada a ver, saravá, com a Rede Globo de Televisão. Com a iluminação chapada das telenovelas. O luxo da figuração. Reparem: sempre no elenco desse tipo de superprodução estão o Tony, a Glória, o Reynaldo. Que saco! No filme Os Famosos, só gente desconhecida. No interior melancólico do Rio Grande do Sul. Em que a história se derrama. E desliza. Devagar. Cheia de espectros. Profundidade. Ave! Nem tudo está morto. Viva! Nem todo Filho é Daniel e maravilha! O diretor do momento é o Esmir Filho, em seu primeiro longa. Fôlego maduro! Quero mais os que estão à procura. De fazer, de verdade, a diferença. Miúda, na surdina. O impacto que me causou essa fita. Baseada em livro homônimo de Ismael Caneppele, que vale leitura (já falei dele aqui), publicado pela Editora Iluminuras. Saí do cinema abalado. Acompanhado de solidão, pelas ruas. Pisando baixo. Algo em mim, de fato, psicografado. Errante e penado. Prefiro. Corram, agorinha, para ver a fita. Fiquei sabendo, inclusive, que a plateia tem enchido em outras sessões que não aquela minha no Cinema da Vila. Nada, é claro, comparado ao público do Daniel. Esse, lotando salas cada vez mais vazias. E por hoje é só. E perdão pela demora, aqui, na postagem. Correria e viagens. Projetos e novidades dos quais irei falando aos poucos, enfim, assado. Beijos para todos. E valeu e aquelamoroso abraço. Fui.


6.4.10

ORAÇÃO A JP

JP, rezo à sua fé. Peço pelo sucesso da terceira edição do AuTORES EM CENA. Ela que acontece neste sábado que vem e neste domingo. Às 20 horas, no Itaú Cultural. Com entrada franca, etc. e tal. Meu Senhor, rogo à sua proteção. Aos escritores que estarão no palco. Sim, o projeto é assim: um diretor é convidado para colocar em cena um autor. JP, por favor. Ilumina o caminho do Lourenço Mutarelli. Ele, no sábado, é quem abre o evento. Em um curto espetáculo dirigido por Nilton Bicudo. Título: O Outro. Para quem não sabe, Nilton foi quem fez O Natimorto no teatro. E agora foi convocado para levar seu criador ao palco. Eta danado! Aí tem um intervalo de uns dez minutos. JP, eu juro: pagarei a promessa. No instante em que a segunda peça da noite começar. Nome: Segunda Ato. Em cena: Xico Sá. Ele sob direção do mesmo Mutarelli. Quanta graça! Quanta emoção! No domingo, é a vez dos poetas. E de mais rezas, JP. Para que tudo corra bem. A atriz Olívia Araújo, que fez, entre outros, o filme Domésticas, dirigirá o poeta baiano Pardal, a poeta carioca Bruna Beber e o paulistano, também rapper, Dugueto. Puxemos o terço. Mais dez minutos de intervalo e aí vem o Paulo Lins. Sim, o autor de Cidade de Deus. Louvado seja! Com a direção de Eugênio Lima, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e beleza! Só gente boa, JP. E bem-aventurada. E pau para toda obra, igual a você. A quem interessa saber: JP é José Pimentel. Um ator, lá do Recife, que há 33 anos faz (hoje barrigudo) a Paixão de Cristo. Eu vi no domingo, no Marco Zero. Não poderia deixar de assistir. Para lembrar e conferir a lendária atuação. JP que criou o maior espetáculo ao ar livre da terra, o de Nova Jerusalém. E que, desde aquela época, não entrega o manto para ninguém. Segue a sua sina. Repito: há 33 anos - sim, a idade de Jesus. Ave nossa! Que igual milagre paire no sábado e domingo que vêm. Rezemos ao Senhor. Ao JP eu peço muita luz e mais não digO. Até lá e beijos fervorosos no umbigO. Fui e amém!


1.4.10

JANILTO & LOURIVAL

Estou indo amanhã ao Recife. Para me encontrar com o Lourival. No Encontro Regional de Estudantes, sábado, às 20 horas, na Universidade Federal. Lourival Holanda, o professor. Todo mundo no Recife conhece o cabra. No Nordeste, etc. e tal. Desses de quem eu já ouvia falar. Quando, ainda adolescente, eu queria entrar na universidade. O mestre de teoria literária. Desses raros estudiosos. Devotos à boa palavra. Que pena! Não estudei com este pernambucano. Porreta. Fui parar na Universidade Católica. Lá, me encontrei com outro capeta: o Janilto Andrade. Digo: outro professor fera. Ele quem me falou, clara e apaixonadamente, do Borges, do Cortázar. Quem me revelou, nas entrelinhas, a obra do Graciliano Ramos. Acachapado que eu ficava. Hipnotizado em suas aulas. Aí, depois, Janilto foi o primeiro que fez um estudo acadêmico (inclusive, publicado em livro) sobre o meu trabalho. Isso sem saber, acreditem, que eu havia sido seu aluno. Vixe! Hoje somos amigos. Posso dizer, idem, que sou amigo do Lourival. Sempre que o encontro. O respeito recíproco. A celebração. Participamos juntos, no ano passado, da I Jornada Literária do Sertão. Inesquecível a sua fala de encerramento. Às margens de um açude, na cidade de Arcoverde. Fala em que ele contava do fascínio das palavras. Como ninguém, amém. Aquelas palavras. Ave nossa! Ainda ouço. Tanta coisa vem ã minha caixola. A alegria de estar indo a esse encontro. O nosso primeiro, assim, no solo em que o grande Lourival Holanda (e um outro professor chamado Anco Márcio - de quem falarei, aqui, mais à frente) vem formando muita gente. Informando. Plantando um vírus. Um bicho. O veneno da literatura no coração do povo. E aleluia! E volto, aqui, só na terça-feira. Bom feriado para todos. E aquelabraço gostoso e fui e beleza!


30.3.10

MICROCONTOS NA ABL

Foi o poeta carioca Ramon Mello quem hoje me contou. Dos microcontos na ABL. Explico: a Academia Brasileira de Letras acabou de criar um concurso. De microcontos para o Twitter. Vixe! Uma narrativa em até 140 caracteres. E maravilha! Lembrei ao querido Ramon. Eu sempre falo do Machado. Ele, o De Assis. Toda vez em que sou perguntado. Sobre as narrativas curtas. Machado sempre meteu o machado, cortou palavras. Em alguns dos seus romances, são comuns microcapítulos. Parágrafos vupt, vapt. Sem contar que, à época em que organizei a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século, em 2004, para a Ateliê Editorial, três imortais participaram: Antonio Carlos Secchin, Lygia Fagundes Telles e Moacyr Scliar. Ave nossa! Essa história toda começou no ano de 2002, com a Coleção 5 Minutinhos criada por mim. Para ela, eu convidei dez escritores. Eles tiveram que criar microrromances, microcontos, poemas, sonetos para serem lidos em trinta segundos cada, coisa curta, livretinhos que eu ia distribuindo gratuitamente em salões de beleza, pontos de ônibus. Aí, dois anos depois, resolvi radicalizar: juntar cem escritores para escreverem contos de até 50 letras. E por aí foi. Muito antes do Twitter, pois. Mas é bom que se diga: Kafka já escrevia mínimo. Julio Cortázar, Hemingway e tantos outros nessa animaçâo. Gostei de ver. A Academia arregimentando mais gente para treinar a concisão. Desafio, creio, que a maioria dos imortais deveria praticar. E saravá! Ainda ao amigo Ramon (que está fazendo uma matéria sobre o assunto), resolvi enviar um microconto inédito, intitulado Chá. Veja-o logo abaixo. E se quiser participar do concurso da ABL, é só clicar aqui em cima. E aquelabraço. E beijos no umbigO. E beijos na ponta da língua. Fui.


CHÁ

E não molham mais o biscoito
os imortais.


29.3.10

OUTROS AuTORES EM CENA

No primeiro ato, o ator Nilton Bicudo dirigirá o autor Lourenço Mutarelli. No segundo ato, o mesmo Mutarelli dirigirá o Xico Sá. No outro dia, mais dois atos, a saber: a atriz Olívia Araújo digigirá três poetas - Bruna Beber, Dugueto e Pardal. E aí, para encerrar, Eugênio Lima dirigirá o escritor Paulo Lins. Eta danado! Explicando os espetáculos. Serão quatro e eles fazem parte da terceira edição do projeto AuTORES EM CENA. Quem lembra? Começou em 2006. Veio-me a ideia: um diretor de teatro ser convidado para dirigir um autor em vez de um ator. Para desfazer assim aquela máxima. De que o escritor não interpreta bem seus próprios personagens. Ou de que o poeta não sabe dizer os seus poemas. Pois bem: aos palcos, nas edições passadas, subiram, entre outros, Chacal, Cíntia Moscovich, Fernando Bonassi, Índigo, Ivana Arruda Leite, João Silvério Trevisan e Micheliny Verunsck. Inesquecível, em 2009, a peça, dirigida por Mário Pazini, em que atuaram Ferréz e Sérvio Vaz, etc. e tais. Ave nossa! A empreitada, realizada graças ao entusiasmo e ao apoio do Claudiney Ferreira, do Itaú Cultural, ganha, repito, uma nova edição: dias 10 e 11 de abril. Recapitulando: dia 10, a dobradinha de Mutarelli. No dia 11, os poetas e o Paulo. Tudo com entrada franca, enfim, assado. Os ensaios já estão a toda. E haverá uma outra edição ainda este ano. Excepcionalmente. Mas depois eu conto sobre isto. E dou mais detalhes do que está rolando. Nos bastidores. Por exemplo: sei que o texto do Lourenço e o do Xico foram feitos especialmente para o evento. E sei que o livro Cidade de Deus, grande sucesso nas livrarias e no cinema, agora virará teatro - com a participação do autor, é claro, ao lado do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos aqui de São Paulo. E o meu pôste de hoje é esse. Por enquanto. Voltarei a tocar no assunto. E mais não digO. E valeu e té e beijos no umbigO. Fui e vamos que vamos.


24.3.10

OLHAR 43

O pessoal tem comentado comigo. O seu eraOdito mudou. Cadê as rapidinhas? A agendinha? Enfim, assado. De fato, voltei 2010 num outro barato. Pôstes maiores, comentários nostálgicos. Meio que autobiográficos. Seria? Vai ver foi porque sábado passado fiz 43 anos. E isso implica: um olhar diferente. Uma saudade. Uma maioridade, de repente. Porque, creio, o meu blOgue faz tempo que andava cheio. De datas. A toda hora, vinha alguém pedir uma atenção. Divulga aí o meu coquetel. Pô! Cara, você não falou da minha promoção. Pois é. Então. Até continuarei divulgando. Mas a partir de uma história minha. Bem particular. Sei lá. Por exemplo: daqui a pouquinho, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho, Nelson de Oliveira lança romance. Como conheci o Nelson? No começo do ano 2000. Apareceu em um papo literário que eu e Evandro Affonso Ferreira organizávamos. Daí em diante fizemos várias parcerias. A revista PS:SP em 2003. Discutimos as antologias da Geração 90. Nelson participou e sempre apoiou os meus projetos. Incentivando, opinando. Com generosidade e talento. Tanta gente hoje com quem a gente bebe. O Nelson (que não bebe) foi quem nos apresentou. Ave nossa! Achem ruim, achem boa. Muito da poesia e da prosa de hoje devem à ousadia desse cabra. Que meteu as caras. Enquanto muita gente preferia ignorar. A rapaziada. E tenho ditO. E repito: hoje, Nelson coloca às livrarias o seu novo livro. Estarei lá. Entendeu agora como o eraOdito está funcionando? Assim funcionará. Perdâo para quem não esteja gostando. Eu estou curtindo. Fui, aquelabraço e até a próxima história, amém e saravá!


22.3.10

OS PRÊMIOS

Meu sonho era ganhar um prêmio. De teatro. Isso, muito pequeno. Quando eu participava de festivais ainda no Recife. Achava bonito, achava chique. A plateia lotada. E as indicações. E quando o apresentador anunciava o vencedor. A respiração em silêncio. Dos atores, diretores, produtores. E eu lá, sofrendo. Torcendo pelo meu grupo amador. A primeira estatueta veio para a categoria Atriz Revelação. Para Patrícia França. Sim, aquela da Globo. A Tereza Batista, hoje na Rede Record. A peça era minha. A produção idem. Mas era coisa ruim. Melosa. Talentosa era a Patrícia. Desde novinha. Aí veio uma Menção Honrosa. Para uns contos meus - eu com uns 18 anos. Também ganhei uns prêmios pernambucanos. De poesia. Que eu escrevia para outros concorrerem. Putz grila! Quanta coisa vem ao meu juízo! E o tempo vaivém. Um corte. Em 2006, já vivendo em São Paulo, como pode? Veio o improvável Prêmio Jabuti pelo meu Contos Negreiros. Cágado que repousa nas prateleiras da Mercearia São Pedro. No teatro, eis que indiretamente tenho sido premiado. Vários espetáculos, baseados em minhas histórias, colecionam merecidas glórias. Melhor Peça e Direção para Angu de Sangue, Melhor Atriz para Hermila Guedes, Melhor Ator para Fábio Caio. Melhor Dramaturgia para o espetáculo RASIF. E ainda: três troféus para o Hospital da Gente, com o Grupo Clariô de Taboão da Serra. Ave nossa! Outras alegrias como essas vieram para o curta-metragem Darluz (a partir de um conto meu, homônimo) dirigido por Leandro Goddinho. Abocanhou mais de vinte festivais pelos quatro cantos. Mas por que estou falando isto? Só porque me pediram para divulgar, aqui, a terceira edição do milionário Prêmio São Paulo de Literatura. As inscrições estão abertas para o Melhor Romance do ano passado. Eta danado! 200 mil para autor consagrado, outros 200 para autor estreante. Eu fui um dos jurados da primeira edição. Coisa de doido! Num tempo, sonhava eu em levar, lá no teatro, um primeiro lugar. Agora, de vez em quando, sou convidado para apontar o vencedor. Dói-me algo na memória, sei lá. Rir ou chorar? Melhor nem pensar. Emociona-me, por exemplo, lembrar que os presos da penitenciária Aníbal Bruno, no Recife, batizaram com meu nome a sua sala de leitura. E os dois inesquecíveis prêmios que me deram na Cooperifa e maravilha! E os e-mails que quase diariamente recebo de leitores. Dizendo algo assim: descobri seu texto. Descobri um amigo. Ou: não estou tão só. Para o menino que eu fui. Pedinte. De coração na mão. Não há estímulo melhor.


19.3.10

O MUNDO É DOS CHATOS

"Será que sou um poeta chato?". Perguntou-me ontem um dos amigos que fazem a minha oficina no b_arco. Porque a poesia que ele faz é cerebral, matemática. "Filosófica", corrigiu ele, etc. e tal. E fiquei eu com a indagação. Levei a questão para casa. A buzinar no meu juízo. Será que serei idem um prosador pentelho? Lá vem ele falar de microcontos. O mala, mais uma vez, falar de negros e despossuídos. Não tem um pensamento brilhante. Uma palavra que valha a cerveja que ele toma. Ave! Aí me veio a cabeça, por exemplo, o recém-lançado livro de poemas Esquimó, do Fabrício Corsaletti. Mó legal! O cara não tem uma poesia-pedestal. Digo assim: a poética de nariz em pé. Querendo ser. Ele é o que é. Discreto e interiorano. E tem coisa mais fora da roda? Quem aguenta esse papo caipira? Dirão. Sempre tem uma hiena de plantão. Se correr o bicho pega. Cola e gruda. Quanta gente vive sugando a nossa paciência, não? O importante é a pulsação. Rarará. Perdão pela amolaçao. Esse pôste, na verdade, é para dizer que o poema Seu Nome, do livro do Corsaletti, é o que eu gostaria de ter escrito. Simples. Poesia que já nasce clássica. Sei, sei. Tem coisa mais chata? Tamanha afirmação? Aproveito o assunto para falar do livro Os Famosos e os Duendes da Morte, de Ismael Caneppele. Em minhas mãos, agora. Saído do forno. Primeiro foi lançado como filme - dirigido por Esmir Filho e grande vencedor do Festival do Rio 2009. E ufa! Finalmente o original conseguiu uma editora, a Iluminuras. Faz tempo conheço o Caneppele - assino eu a orelha da edição. Baita escritor. Na dele, escreve solto. Escreve leve. Sem pose. O segredo é este: seguir na sua. Meio que distraído. Hoje mesmo estou meio esquisito. Meu Cristo! Melhor ir embora. Antes, a saber: respondi ao amigo. "Seja chato. Mas seja o melhor chato do mundo". Rarará. E por falar nisso, clicando aqui veja depoimentos de cem escritores, colhidos por Michel Laub. Falando eles de suas manias na hora de escrever. Cada macaco no seu parágrafo, pois é. Só falta você. Poeta ou prosador. E mais não digO. Aquelabraço e beijos no umbigO. Com amor. Fui. E té.


15.3.10

GERAÇÃO BBB

"Você viu a escritora na jaula?". Hã? "A escritora na casa de vidro?". O quê? Fiquei assim meio aéreo, sem saber. Lá, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho. "O maior barato, Marcelino!". No primeiro andar, a escritora estava. Trancafiada. Começou sua estadia na quinta-feira passada e vai até esta quarta. Come, dorme, vegeta, solitária. À vista de quem passa. O nome dela: Paula Parisot. A missão: divulgar o seu livro Gonzos e Parafusos, publicado pela Editora Leya. Eta danado! E eu que tinha ido à Vila apenas atrás da reserva que fiz do Ficção Brasileira Contemporânea. Explico: é esse o título do livro do professor da PUC do Rio, Karl Erik Schollhammer. Um estudo rápido e sério e de fácil leitura sobre a produção ficcional das três últimas décadas. A Geração 90, inclusive, está quase toda lá, esmiuçada. Ele começa exata e ironicamente assim um dos parágrafos: "Inicialmente, a Geração 90 foi um golpe publicitário muito bem armado". E aí vejo a autora confinada. E aí tenho de cruzar, cheio de constragimento, o piso até a seção de encomendas. E ela lá, parece que me enxergando, me sacando, do centro do casulo. E dizendo: "não reclame, vocês também já fizeram marketing". Ave nossa, saravá, amém. O que faço? O livro demorando a chegar. Corro para o além? Escapo pela área de serviço? Fiquei imaginando eu lá, em exposição. De cueca. Peidando. Coçando o saco. Roncando. Recebendo a visita dos amigos geracionais, etc. e tais. E a visita do Rubem Fonseca. Sim, o recluso autor de Agosto faria hoje à tarde uma visita à autora enclausurada. Acredite. Vixe! Para levar o almoço. Dar de comer a coitada! Cena sintomática esta! Animal! Não aguentei e fugi do local. Escondi-me do público. Nem acendi a luz. Deixei meu apartamento no escuro. Por um tempo. Em silêncio. Profundo. Juro. Será que envelheci? Será que encaretei? Não sei. Para completar, a notícia da morte chocante do Glauco e a do seu filho. A barra está ficando pesada, meu amigo. Para o nosso lado. Estou com medo de sair de casa. "Rebola um pouquinho para a gente ver". O quê? Será que instalaram uma câmera na sala?



Este sou eu. Ohhhhhh!
Não precisa falar nada.
Clica aqui que é melhor.


Alguns Contos
Caderno de Turismo
Homo Erectus

Repercussão
Leia, aqui, o que falaram sobre os meus dois primeiros livros: "eraOdito" e "Angu de Sangue".

Outros DitOs
Academia de Cinema
Ademir Assunção
Alberto Guzik
Alessandro Buzo
Alexandre Soares Silva
Alexis Peixoto
AlziraE
Amores Expressos
Analu Andrigueti
Ana Maria Gonçalves
Ana Paula Maia
Ana Peluso
Ana Rüsche
Andrea Del Fuego
André de Leones
André de Toledo
André Kitagawa
André Laurentino
Angélica Freitas
Angu de Teatro
Antonia Pellegrino
Antonio Cícero
Antônio Mariano
Antonio Prata
Antonio Vicente
Arruda
Artur Rogério
Ateliê Editorial
Augusto Salles
Bagatelas
Balada Literária
Beatriz Antunes
Bestiário
Beto Bombig
Blônicas
Bruno Brum
Café Colombo
Calúnia Social
Canal do Livro
Caralhoquatro
Cardoso
Carlos Carah
Carlos Careqa
Carpinejar
Cecília Giannetti
Chacal
Cidinha da Silva
Cíntia Moscovich
Clarah Averbuck
Claudinei Vieira
Cláudio Brites
Claudio Daniel
Cléo De Páris
Click (In)Versos
Confraria do Vento
Cortizo
Crib Tanaka
Cristiane Lisbôa
Cronópios
Cultuar
Dani Blaschkauer
Daniela Duarte
Daniel Galera
Daniel Pellizzari
DanThomaz
Don Caco
Dirceu Villa
Dóris Fleury
Douglas Diegues
Douglas Kim
Dulcinéia Catadora
Edson Cruz
Edson Kumasaka
Eduardo Baskizin
Eduardo de Araújo
Eduardo Foresti
Eduardo Lacerda
Eduardo Muylaert
Eduardo Rodrigues
Edvaldo Santana
Élida Lima
Elisa Andrade Buzzo
Eloisa Cartonera
Eric Presente
Escritoras Suicidas
Fabiana Cozza
Fabiano Calixto
Fábio Aristimunho
Fernanda D'Umbra
Fernanda Prats
Fernanda Siqueira
Ferréz
Flávio Carneiro
Gabriela Kimura
Gafieiras
Garganta da Serpente
Gengibre
Germina
Givago
Glauco Mattoso
Guilherme Scalzilli
Haja Saco
Homero Fonseca
Índigo
Interpoética
Isabel Santana
Ivam Cabral
Ivan Antunes
Ivana Arruda Leite
João Filho
João Gilberto Noll
João Paulo Cuenca
Jobalo
Joca Reiners Terron
Jorge Cardoso
Jornalirismo
José Rezende Jr.
Jovens Escribas
Kadu Lago
Karmo
Kleber Lourenço
Laerte
Laerte Késsimos
Leandro Leite Leocádio
Letras & Leituras
Lin
Linaldo Guedes
Lira Neto
Lirinha
Literatura no Brasil
Literatura On-Line
Literatura Urgente
Lorena Poema
Lourenço Mutarelli
Lucas Guedes
Luciana Penna
Luís Manoel Siqueira
Luiz Bras & Tereza
Luiz Paulo Faccioli
Manu Maltez
Marcelo Ariel
Marcelo Barbão
Marcelo Benvenutti
Marcelo Coelho
Marcelo Mendonça
Marcelo Montenegro
Marcelo Moutinho
Marcelo Rubens Paiva
Marcelo Sahea
Marcelo Trasel
Márcio Américo
Maria Alzira B. Lemos
Mário Bortolotto
M. Marcelo
Maurício de Almeida
Meio-Tom
Menalton Braff
Michel Laub
Micheliny Verunschk
Miguel do Rosário
Millôr Fernandes
Mojo Books
Na Tábua
Nicolas Behr
Nós Pós
O Barco
Olivia Maia
Overmundo
Palpitar
Paralelos
Patife
Paulo de Tharso
Paulo de Toledo
Paulo Ferraz
Paulo Ribeiro
Paulo Scott
Paulo Stocker
Pedro Borges
Phedra D. Córdoba
Plátano Verde
Portal Literal
Publish News
Rabisco
Rafael Grampá
Rafael Rodrigues
Raimundo Carrero
Ramon Mello
Rascunho
Rato de Livraria
Record
Releituras
Revista Zunái
Ricardo Aleixo
Ricardo Miyake
Ricardo Soares
Rinaldo de Fernandes
Roberto Romano
Robson Canto
Rodolfo Garcia Vázquez
Rodrigo Ciríaco
Rodrigo Garcia Lopes
Rodrigo Levino
Rogério Augusto
Ronaldo Bressane
Rui Goiaba
Rui Mascarenhas
Sacolinha
Samir Mesquita
Santiago Nazarian
Sérgio Keuchgerian
Sérgio Rodrigues
Sérgio Roveri
Sérgio Vaz
Tadeu Sarmento
Tainá Müller
Taxitramas
Tiago Novaes
Tiago Sávio
Tony Monti
Torero
Tulípio
Tudo Lorota
Vaia
Valter Hugo Mãe
Vanessa Bárbara
Verbo 21
Verdes Trigos
Vetor Cultural
Victor Del Franco
Vinicius Neves
Virna Teixeira
3 Vozes
Whisner Fraga
Wilson Gorj
Wilton Isquierdo
Wir Caetano
Xico Sá
YouTube
Zema Ribeiro

Arquivos
2002
Dezembro
2003
Janeiro
Fevereiro
Marco
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
2004
Janeiro
Fevereiro
Marco
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
2005
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
agosto
Contato
eraodito@uol.com.br
Visitas